sábado, 29 de setembro de 2012

Como expor?


Como expor?

Alguém disse que "bom orador é aquele que, anuncia sobre o que vai falar, fala sobre o que prometeu falar, em seguida recapitula o que foi falado e depois conclui sobre o que foi dito." Parece estranho, mas funciona!

Planeje e use as técnicas aqui descritas, mas não se esqueça de dar chance para o desenvolvimento da sua sensibilidade, que fará você sentir a receptividade do que você está expondo e as necessidades estratégicas, táticas e operacionais necessárias.

A divisão do discurso
Características gerais da exposição

Qualquer apresentação pública deve estar fundamentada nos seguintes quesitos:

 - relacionados com o expositor: confiança, domínio, interesse e espontaneidade.

- relacionados com o discurso: objetividade, clareza, brevidade, consistência  e retidão.

O início do discurso
Exórdio

É a primeira parte da palestra, visa "envolver o auditório". É quando o expositor e o público são apresentados, sendo que o primeiro precisa causar boa impressão, objetivando conquistar a atenção e a receptividade do auditório.

Cumprimenta a platéia, a mesa, demonstra satisfação e agra­dece. Procura demonstrar, em poucas palavras, a importância ou a conveniência do tema da palestra, motivando os ouvintes a acompanharem com atenção o seu discurso.

Deve ficar patente a segurança e o domínio do assunto, sem arrogância.

Evite contar piadas e interpelar diretamente as pessoas, pois o clima ainda não foi formado e as pessoas estão "frias".

Formas de iniciar a palestra:

1. Aludir à ocasião;

2. Fazer uma pergunta intrigante ao público em geral,    sem pedir resposta;

3. Fazer uma declaração interessante e algo desafia­dora, como:

"Todas as palavras têm um poder sobrenatural  e tornam vivas as coisas pensadas." Eça de Queiroz

4. Apresentar uma citação que leve à reflexão;

5. Fazer breve apresentação de um conto, parábola ou caso.

Proposição

O orador deve anunciar o roteiro do que será apresentado, procurando despertar o interesse dos ouvintes.

Cuidado para anunciar apenas o que realmente vai dar tempo de ser abordado. Pode ser dispensada quando o assunto for muito favorável, polêmico ou que exista uma intenção deliberada e bem planejada de causar suspense.

O meio do discurso
Narração

É a parte do discurso que o orador desenvolve suas idéias, dá corpo ao tema, envolvendo e direcionando o raciocínio do publico.

Define conceitos. Deve ilustrar o assunto utilizando-se de depoimentos, aspectos históricos, fatos e conceitos filosóficos ou científicos, contos, parábolas etc.

Confirmação
É o momento de "amarrar" as idéias apresentadas.  Explicar motivos, apresentar razões, relacionar causa e efeito, evidenciar a lógica dos argumentos, fazer comparações, e mostrar soluções.

Deve utilizar todos os recursos didáticos para se fazer entender e convencer, apresentando elementos racionais, morais e sentimentais.

É a fase ideal para apresentar sua melhor ilustração, como gráfico, tabela, desenho etc. Salvo palestras especiais, é nesta etapa que o expositor deve chegar ao âmago da questão.

Preocupações salutares do orador:

 -  exemplificar e manter a máxima clareza;

 -  não esquecer ou desviar da idéia central;

- não exagerar na argumentação, gestos, vocabulário e entonação;

- demonstrar a ligação dos assuntos, fatos e conceitos proferidos;

Refutação

Parte importante do discurso que influencia todo o conjunto, desde a fase de elaboração, colaborando para dar mais consistência, selecionando e oferecendo melhor seqüência na argumen­tação.

Não pode ser menosprezada, sob pena da exposição vir a ser rejeitada men­talmente pelo público.

Defende a idéia central das objeções hipotéticas ou reais sobre o assunto; abordando-as de modo direto ou indireto, sem exagero.Não pode ser menosprezada, sob pena da exposição vir a ser rejeitada mentalmente pelo público.

Estabelece críticas. Aponta relação causa e efeito. Evidencia a argumentação apresentada e as conseqüências boas e más. Inicia pelas objeções mais simples, deixando o argumento mais forte para o final.

O fim do discurso
Síntese ou recapitulação

É o resumo e o realce dos principais aspectos abordados, evidenciando a importância da idéia central. Pode ser suprimida quando o assunto não apresenta dificuldades e a exortação foi bem preparada.

Deve reunir elementos para concluir com segurança, favorecendo a memorização da mensagem principal e fortalecendo a convicção do público.

Exortação

É a parte final do discurso quando o orador deve atingir o ponto mais alto de adesão ao seu pensamento. Uma forma é avançar gradativamente para o ponto mais importante, com o acompanhamento do volume e entonação da voz e encerrar repentinamente.

Deve falar ao sentimento, ao coração, levantando o espírito dos ouvintes e fechando com eficácia o seu trabalho, certo de ter causado uma boa impressão e de ter contribuído para doar uma parte de si ao público.

É a parte da oratória mais necessitada de arte e beleza.

A mensagem espírita deve sempre encerrar com otimismo e esperança. Você pode abordar qualquer assunto, por mais "pesado" que ele possa ser, mas não pode esquecer de apresentar soluções e motivar as pessoas para tomarem as atitudes mais adequadas.

Exemplos de finais de discursos eloqüentes

João Neves da Fontoura

...No meio do temporal, não nos esqueçamos - ainda uma vez - de que somos todos irmãos.

São palavras que repito hoje com os anseios do mais alto espírito de fraternidade, considerando o Brasil acima de tudo e de todos. Nós passaremos, na poeira das coisas transitórias. Ficarão apenas as idéias, para que em torno delas se molde a grande­za da Pátria de amanhã.


Tancredo Neves- ao ser eleito Presidente em 15/01/85

...Não vamos nos dispersar. Continuemos reunidos, como nas praças públicas, com a mesma emoção, a mesma dignidade e a mesma decisão.

Se todos quisermos, dizia-nos, há quase duzentos anos, Tiradentes, aquele herói enlouquecido de esperança, podemos fazer deste país uma grande nação. Vamos fazê-la.

Esquema para o meio do discurso
Utilize estes quatro tópicos para ajudá-lo na elaboração do meio da sua palestra. Depois, é só acrescentar o início e o fim. Com este esquema ficará mais fácil você abordar qualquer assunto de forma estruturada, mesmo de "improviso".


Origem/Evolução
Aborde o histórico do assunto e evidencie as causas mais relevantes. Aponte as alterações sofridas em determinado tempo.


Explicação/Analogia
Defina os termos básicos, explique o assunto e os conceitos adotados, esclarecendo as principais variáveis envolvidas. Compare a idéia central com outro assunto, evidenciando a lógica da argumentação e facilitando a memorização pelos ouvintes.


Conseqüências/Objetivos
Fale sobre as conseqüências positivas e negativas en­volvidas no contexto. Aponte claramente os objetivos que devem ser perseguidos.

Esforço/Ação recomendada
Saliente o que precisa ser feito para se alcançar uma situação melhor ou evitar maiores danos, quem são os envolvidos e como pode ser realizado, em que tempo ou lugar.


Texto do Livro: Como Melhorar sua Comunicação, de Ivan Franzolim, Editora EME

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