Supervalorização da doutrina
Ataques dos inimigos do espiritismo
Supervalorização da
doutrina
Decorre de alguns entendimentos que podem estar equivocados:
·
De que o próprio Jesus trouxe a revelação dos
espíritos e conduz diretamente o desenvolvimento e disseminação do espiritismo.
Sendo ele um espírito puro que teria a responsabilidade pelo planeta Terra
desde sua criação há 4,5 bilhões de anos, certamente cuidaria com igual atenção
e zelo todos os grupos religiosos e agnósticos, não em especial aos cristãos
que somam cerca de ¼ da população mundial e, menos ainda aos espíritas que
constituem 0,01% da população mundial.
·
Que se trata da terceira revelação e que ela é
derradeira e destinada a mudar o mundo! Embora tenham ocorrido milhares de
revelações ao longo da história, em todos os campos do conhecimento, em todos os
países e continuarão a acontecer indefinidamente. Dificilmente a Doutrina
Espírita afetaria para melhor o mundo inteiro por várias razões. A primeira é
que o planeta comporta pessoas em diferentes estágios de evolução moral e
interesses, formando culturas muito diferentes e antagônicas entre si. A
segunda é que o espiritismo é completamente desconhecido no mundo e aqueles poucos
que o conhecem, confundem com mistificação e superstição.
·
Que se trata do Consolador prometido, do
Espírito de Verdade, na tentativa de se apropriar de uma profecia evangélica
que elevaria sua credibilidade em uma análise superficial. Como as revelações continuam a acontecer, no futuro outras religiões e filosofias poderão ter mais elementos para
também justificar a posse desse título. Realmente o espiritismo tem explicações
que consolam, mas outras religiões e filosofias também possuem e agregam muito
mais pessoas.
Em muitos momentos da história, o homem procurou se acomodar
na imagem de escolhido ou especial, com privilégios sobre os outros e isso teve
sempre resultados ruins. Talvez o principal seja de suscitar o orgulho e a
vaidade e acabar tratando os diferentes como inferiores ou ruins.
Gostamos das explicações espíritas, entendemos que elas
reúnem um conjunto de conhecimentos bem estruturados que respondem às nossas
dúvidas e anseios. Segundo a moral espírita baseada na autonomia, o processo de
aprendizado deve ocorrer por vontade própria individualmente e, não por
imposição externa.
Como disseram os espíritos, a verdade está distribuída por
todas as ciências, filosofias e religiões. E a parcela de verdade presente em
cada uma é suficiente para conduzir os seguidores à prática do bem. O
Espiritismo é apenas mais um caminho que pode servir a alguns e não se adequar
a muitos mais.
Esse tipo de argumentação constitui a falácia de autoridade,
que apela para a palavra ou reputação de alguma autoridade a fim de validar uma
proposição. É um raciocínio errado que se baseia exclusivamente na
credibilidade do autor e não nas razões que teria para sustentar a proposição.
Em toda a obra espírita, Kardec se mostrou lógico e ponderado
usando sempre argumentos fundamentados, repudiando os dogmas, sofismas e
falácias. Teria ele sucumbido ao peso da tradição cristã ou da pressão social?
Um ensinamento deve ser relevante por sua argumentação
lógica, e não pela credibilidade de quem o emitiu.
O espiritismo tem um conhecimento fundamentado com método,
consistente, abrangendo o campo espiritual com mais propriedade do que outras
correntes de pensamento. Isso é mais que suficiente para legitimar suas ideias.
Qualquer menção que denote superioridade trará mais prejuízo do que benefícios.
Ataques dos inimigos
do espiritismo
Segundo a etimologia, a palavra "adversário" vem
do latim (adversarius), significando "que está contra". Ela se
confunde com a palavra "inimigo" que também provém do latim (inimicus)
e significa "amigo ruim".
As religiões tradicionais foram as primeiras a criarem a figura
dos adversários, oponentes ou mesmo inimigos, que não só estariam completamente
errados, mas imbuídos da mais pura maldade lutando contra os seus verdadeiros e
sublimes objetivos.
Na psicologia e na sociologia, a criação de um inimigo
coletivo, valoriza o grupo e aumenta sua coesão. A política usa e abusa do
recurso escuso da criação de inimigos para manipular seus eleitores.
O pano de fundo é a presunção de estar com a única verdade
existente, o que leva a uma falsa percepção de superioridade, despertando
orgulho e vaidade.
Incita ao enfrentamento, à luta ou ao distanciamento, e não ao
simples e necessário debate das ideias. Essa postura leva ao despertamento de
sentimentos negativos, como o medo e a hostilidade.
Segundo a medicina, a identificação de indivíduos não
pertencentes ao grupo como inimigos é irracional e pode constituir um
transtorno mental requerendo urgente tratamento para sua cura.
Os espíritos encarnados possuem livre arbítrio e motivações
que geram suas próprias conclusões ou preferências, endossando ou rejeitando outras
linhas de pensamento por meio de embates mais ou menos agressivos, segundo seus
temperamentos. A maior parte não age por perversidade, mas por acreditar que
está com a razão. É dessa discussão que as ideias evoluem.
Após a morte, os espíritos continuam os mesmos e as controvérsias
persistem. Não parece correto tratar todos que defendem um entendimento diverso
como inimigos hostis, embora existam aqueles ainda dominados por sentimentos
negativos, mais interessados em perturbar e causar discórdias.
Esses últimos precisam ser conduzidos à verdade não pelo
caminho da hostilidade, da discriminação, mas pelo trabalho incessante no bem.
Ivan Franzolim


