Dados censitários de 2022 revelam que os espíritas reduziram no Brasil.
Principais grupos
religiosos no Brasil
Censos |
1991 |
2000 |
2010 |
2022 |
Dif.. |
Espírita |
1,12% |
1,38% |
2,1% |
1,8% |
-0,3% |
Católicos |
83,0% |
73,8% |
65,1% |
56,7% |
-8,4% |
Evangélicos |
9,0% |
15,4% |
21,6% |
26,9% |
5,2% |
Umbanda e Candomblé |
|
|
0,3% |
1,0% |
0,7% |
Sem religião |
4,7% |
7,9% |
8,2% |
9,3% |
1,4% |
Essa retração é mais
evidente em estados com forte tradição espírita como Rio de Janeiro, São Paulo
e Distrito Federal, que concentram o maior número absoluto de espíritas no
país. Dos 27 estados, 16 apresentaram decréscimo na proporção de espíritas. Paralelamente,
o perfil demográfico da população espírita vem envelhecendo: a idade média dos
adeptos, que era de 53 anos nas nossas pesquisas, chegou a 55 anos em 2025. A
participação de jovens continua em queda, e muitos Centros Espíritas ainda não
encontraram caminhos efetivos para acolhê-los, compreendê-los e envolvê-los.
Os dados do IBGE, no
entanto, também revelam forças expressivas do movimento: o Espiritismo é o
grupo religioso com maior nível de escolaridade (48% dos espíritas possuem
ensino superior completo), a menor proporção de indivíduos sem instrução ou com
ensino fundamental incompleto (11,3%) e o maior acesso à internet (96,6%). Isso
significa que temos um público altamente capacitado, com acesso à tecnologia e
capaz de produzir conteúdo e ações de grande alcance — mas ainda não
conseguimos transformar isso em impacto coletivo efetivo.
A impressão que
tenho — embora careça de confirmação estatística — é que a participação dos
espíritas nas redes sociais é, proporcionalmente ao seu número, talvez uma das
mais expressivas entre os grupos religiosos. Isso representa uma nova trilha,
um outro modo de fazer Espiritismo: mais conectado, mais aberto, mais
humanizado e mais voltado à formação de consciências, não necessariamente à
filiação religiosa. O Espiritismo, afinal, não precisa converter, mas sim
convidar à reflexão, ao autoaperfeiçoamento e à reforma íntima.
A estagnação dos
católicos e o crescimento mais lento dos evangélicos também indicam que o
cenário religioso brasileiro está em mutação. Os evangélicos continuam
crescendo (especialmente entre os jovens), mas em ritmo menor. Já os que se
declaram “sem religião” passaram de 8,2% para 9,3%. Esse grupo — diverso,
aberto, muitas vezes espiritualizado, mas desconectado das religiões
tradicionais — pode representar uma grande oportunidade. Kardec foi claro: não
se deve oferecer o Espiritismo àqueles que já estão satisfeitos em sua fé. Mas
há muitos que buscam sentido, consolo, ética e coerência — e o Espiritismo pode
ser uma luz acolhedora para esses corações inquietos.
Religião
- Mulheres |
2010 |
2022 |
Católica Apostólica
Romana |
50,4% |
51,0% |
Evangélicas |
55,6% |
55,4% |
Espírita |
58,9% |
60,6% |
Umbanda e Candomblé |
55,3% |
56,7% |
Sem religião |
40,8% |
43,8% |
Ser a religião com a
maior participação do sexo feminino (60,6%) nos remete à conclusão que a falta
do público masculino deva ser fruto de uma ausência de ações de engajamento.
Por tudo isso, é
hora de deixar claro: continuar fazendo o mesmo de sempre não nos levará a um
futuro melhor. Precisamos de um planejamento estratégico do movimento espírita
nacional — com foco na juventude, na comunicação digital, na atuação social e
na formação doutrinária séria, porém viva e contextualizada. Precisamos
resgatar a essência da mensagem espírita: uma doutrina de amor, esperança e
responsabilidade, capaz de iluminar consciências mesmo sem necessariamente
atrair novos “adeptos”.
Se não nos mexermos
agora, a tendência é que o Espiritismo se torne cada vez mais um reduto de
poucos, envelhecido e alheio às dores e buscas do mundo moderno. Mas se
tivermos vontade de mudar — de ousar o novo sem perder a essência — o futuro
ainda pode ser promissor.
Os estados que mais
reduziram o número de espíritas foram aqueles que mais espíritas possuem: RJ,
DF, SP, RS e GO. Destaque para Rio de Janeiro que tem mais do dobro de
espíritas do que a média Brasil (1,8%).
Chama a atenção os
estados que tradicionalmente possuem menos espíritas e ainda assim, reduziram: TO,
AC, RO, AM e PA. Maranhão é o estado com menor número de espíritas e se mantem
em 0,19%.
Em resumo, temos 11
estados com resultado igual ou superior ao ano passado e 16 com decréscimo.
Estados /
Censos |
1991 |
2000 |
2010 |
2022 |
Cresc. |
Rio de Janeiro |
1,99% |
2,76% |
4,05% |
3,53% |
-0,52% |
Distrito Federal |
2,81% |
2,80% |
3,50% |
3,27% |
-0,23% |
São Paulo |
1,78% |
2,05% |
3,29% |
2,90% |
-0,39% |
Rio Grande do Sul |
1,48% |
2,14% |
3,21% |
2,86% |
-0,35% |
Minas Gerais |
1,38% |
1,35% |
2,14% |
2,16% |
0,02% |
Goiás |
2,53% |
2,81% |
2,46% |
2,10% |
-0,36% |
Mato Grosso do Sul |
1,36% |
1,20% |
1,90% |
1,68% |
-0,22% |
Santa Catarina |
0,53% |
0,85% |
1,58% |
1,62% |
0,04% |
Paraná |
0,55% |
0,66% |
1,04% |
1,50% |
0,46% |
Pernambuco |
0,88% |
1,16% |
1,41% |
1,23% |
-0,18% |
Sergipe |
0,50% |
0,87% |
1,08% |
1,12% |
0,04% |
Mato Grosso |
0,77% |
1,33% |
1,25% |
1,09% |
-0,16% |
Bahia |
0,54% |
0,74% |
1,13% |
1,00% |
-0,13% |
Rio Grande do Norte |
0,33% |
0,28% |
0,78% |
0,92% |
0,14% |
Espírito Santo |
0,65% |
0,56% |
1,04% |
0,90% |
-0,14% |
Alagoas |
0,23% |
0,40% |
0,55% |
0,65% |
0,10% |
Roraima |
0,38% |
0,31% |
0,91% |
0,64% |
-0,27% |
Paraíba |
0,24% |
0,37% |
0,62% |
0,64% |
0,02% |
Ceará |
0,21% |
0,44% |
0,55% |
0,57% |
0,02% |
Tocantins |
0,42% |
0,45% |
0,65% |
0,55% |
-0,10% |
Acre |
0,35% |
0,19% |
0,57% |
0,55% |
-0,02% |
Rondônia |
0,29% |
0,53% |
0,57% |
0,55% |
-0,02% |
Amapá |
0,18% |
0,08% |
0,42% |
0,51% |
0,09% |
Piauí |
0,09% |
0,11% |
0,32% |
0,43% |
0,11% |
Amazonas |
0,17% |
0,46% |
0,42% |
0,38% |
-0,04% |
Pará |
0,31% |
0,54% |
0,45% |
0,37% |
-0,08% |
Maranhão |
0,07% |
0,08% |
0,19% |
0,19% |
0,00% |
Ivan Franzolim –
pesquisador espírita
Desde que tomei conhecimento dos dados do IBGE relativos ao espiritismo, tive a percepção de como somos poucos. Isso reforça nossa responsabilidade de continuar estudando, nos autoanalisando sob a perspectiva das novas descobertas para sair do obscurantismo das idéias já superadas. Longe de ameaçar a doutrina espírita, trará expansão verdadeira. As pessoas não debatem de fato, se afastam, guardando para sí suas convicções. Eu percebo que muito mais gente do que atestam estes números declarados, tem verdadeira concepção da imortalidade da alma, da reencarnação e da necessidade de evolução. Só declaram não ter mais um rótulo.. se é bom ou não, é algo pra se pensar. Parabéns pela iniciativa.
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