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segunda-feira, 8 de setembro de 2025

Estudo sobre os Títulos de Palestras

 

“Refletir sobre os temas é também refletir sobre o futuro do nosso movimento espírita.”



Introdução

Este levantamento reúne uma amostra de palestras realizadas em 30 Centros Espíritas, localizados em 15 cidades de quatro estados brasileiros, no período de janeiro a setembro de 2025. Embora limitado em sua abrangência, trata-se de um estudo de caráter exploratório e indicativo, que pela amostragem coletada pode oferecer pistas valiosas sobre os hábitos das instituições espíritas e as tendências temáticas escolhidas para suas atividades públicas.

O objetivo não é esgotar o assunto, mas oferecer um indicador inicial que permita reflexões mais amplas: quais são os temas que predominam nos Centros Espíritas? Quais obras, enfoques e abordagens estão sendo privilegiados? Em que medida os assuntos escolhidos refletem as prioridades institucionais (como a valorização do Evangelho e da prática religiosa) e, ao mesmo tempo, dialogam com os interesses e necessidades dos frequentadores e trabalhadores (como questões psicológicas, sociais e de saúde espiritual)?

A partir da análise desta amostra, torna-se possível identificar tendências consolidadas — como o predomínio das palestras de cunho religioso-evangélico — e movimentos emergentes, como a crescente inserção de temas psicológicos e científicos. Assim, este estudo não pretende oferecer respostas definitivas, mas inspirar reflexões e ajustes que favoreçam uma programação de palestras mais equilibrada, capaz de atender às expectativas das casas espíritas e, talvez de forma prioritária, às demandas espirituais, emocionais e intelectuais daqueles que buscam o Espiritismo como caminho de luz e aprendizado.

“Mais do que números, a amostra aponta caminhos para aproximar o que os Centros oferecem do que as pessoas realmente buscam.”

Totais da Amostra

  • Número total de palestras (títulos listados): 267
  • Número de palestrantes com apenas uma palestra: 163 com 232 títulos
  • Número de palestrantes com mais de uma palestra: 11 com 37 títulos

Palestrantes com 3 ou mais títulos

Palestrantes

Temas

Mayse Braga

9

Haroldo Dutra Dias

7

Divaldo Pereira Franco

4

Marcos Tullio

4

Umberto Fabbri

4

Jorge Elarrat

3

Total de títulos

31


Resumo Palestras/Títulos e Palestrantes

Orador e Palestras

Palestras

Oradores

Orador com apenas 1 palestra

184

184

Orador com 2 palestras

52

26

Orador com mais de 3 palestras

31

6

Total de palestras

267

216

Estão presentes na lista outros oradores de projeção no movimento espírita, como: Rossandro Klinjey, Simão Pedro, Raul Teixeira, Anete Guimarães, Artur Valadares, Carlos Baccelli, Cosme Massi, Irvênia Prada, Júlia Nezu.

Temas Predominantes

Os temas podem ser agrupados em grandes áreas, com frequente intersecção entre elas:

1. Autoconhecimento e Reforma Íntima: Um tema central, com palestras como "Vícios e Paixões Morais: Para Que Mudar", "Cuidando da nossa Transição Interna", "O Que Te Impede De Mudar", "Reforma íntima", "Conhece-te, a ti mesmo", "É Preciso Vencer as más paixões", "Alfabetizando Emoções" e "Orgulho e humildade".

2. Lidando com Aflições e Desafios da Vida: Há uma preocupação clara com o sofrimento humano, manifestada em palestras sobre "Melancolia e depressão", "Vazio Existencial", "As provas de nossa vida… tem objetivo?", "Suicídio" e sua prevenção, "A Depressão", "Quando se sentir injustiçado!", "Vencendo as Aflições e Encontrando a Paz Interior", "Bem-aventurados os aflitos".

3. Amor, Caridade, Perdão e Fraternidade: Essenciais no Evangelho, esses temas aparecem em "A Terapêutica do Amor", "O Amor é o Único Caminho", "Por que amar meu inimigo?", "Amar o próximo como a ti mesmo", "A Indulgência e o Perdão das Ofensas", "Amai-vos", "O amor, esse desconhecido dos homens", "A força do amor", "Fora da Caridade Não Há Salvação" e "Reconcilia-te depressa com o teu adversário".

4. Doutrina Espírita e Seus Fundamentos: Palestras que abordam os pilares do Espiritismo, como "Missão dos Espíritos", "Bem, mal anjos e demônios", "Livre arbítrio", "As Leis Morais e a verdadeira felicidade", "Causa e Efeito?", "Obsessão e Desobsessão", "Os Pilares do Espiritismo", "A Lei do Progresso" e "Qual a finalidade da encarnação".

5. A Figura e os Ensinamentos de Jesus: Jesus é o modelo e guia, presente em títulos como "Jesus, Mestre para as crianças e adultos", "Espiritismo com Jesus", "Jesus e a Vida Eterna", "O Ensino das parábolas de Jesus", "Jesus e o Bom Ânimo", "O convite de Jesus à vigilância e oração" e "Cristo Consolador".

6. Vida Familiar e Social: A importância da família e da convivência aparece em "Paz no Lar, paz no mundo", "Família, escola da alma", "Apoio do Centro Espírita à Família", "Bate-papo de família" e "A Valorização da Vida começa no lar".

7. Mundo Espiritual e Mediunidade: Aspectos práticos e teóricos, como "Relações com os Espíritos, Segundo Kardec", "Superando as Perturbações Espirituais", "Mediunidade e o ambiente espiritual", "A obsessão e o tratamento", "Causas da Obsessão e Meios de Combatê-la", "Curas espirituais à luz da Doutrina Espírita" e "Sonambulismo, Êxtase e Dupla Vista".

 

Tendências Dominantes

Amostra revela um equilíbrio, mas com proeminência de certas tendências:

Religiosa-Evangélica (muito forte): O foco nos ensinamentos de Jesus, no Evangelho e nas parábolas é constante. A ênfase é na moral cristã, na prática do amor, da caridade, do perdão e na busca pela paz interior e pela consolação espiritual. Exemplos: "A Terapêutica do Amor", "Jesus e a Vida Eterna", "O Evangelho Segundo o Espiritismo", "A prática do Evangelho no lar", "Fora da Caridade Não Há Salvação".

Psicológica (muito forte): Esta é uma das tendências mais marcantes. Inúmeras palestras abordam temas como autoconhecimento, superação de vícios e paixões, lidar com a depressão, ansiedade, solidão e luto (especialmente por suicídio). A abordagem psicológica não se restringe à saúde mental, mas inclui o desenvolvimento emocional e a busca por equilíbrio interior. Exemplos: "Melancolia e depressão", "Como Superar a Solidão", "Alfabetizando Emoções", "Renovando atitudes diante dos desafios da vida", "Minimalismo Nas Emoções".

Filosófica-Doutrinária (forte): A base teórica e os princípios fundamentais do Espiritismo são frequentemente explorados. Palestras sobre as leis morais, reencarnação, causas das aflições, livre-arbítrio, missão dos espíritos e vida após a morte buscam consolidar o entendimento da doutrina. Exemplos: "Livro dos Espíritos", "As Leis Morais e a verdadeira felicidade", "Causa e Efeito?", "Os Pilares do Espiritismo".

Científica (moderada): Embora menos numerosa que as categorias acima, há um interesse em explorar as interfaces do Espiritismo com a ciência. Títulos como "A Ciência do Espírito", "Medicina e Espiritismo", "Neurociência e Espiritismo", "Fraudes espíritas" e "Curas Espirituais à Luz da Doutrina Espírita" indicam uma busca por racionalidade e investigação dos fenômenos espirituais.

Histórica (menos proeminente como categoria principal): Embora importante para contextualizar e inspirar, as palestras com foco puramente histórico são em menor número. Quando presentes, geralmente homenageiam figuras como Allan Kardec, Chico Xavier ou Eurípedes Barsanulfo, ou discutem o contexto de textos religiosos.

 

Tabelas de Frequência e Percentuais

1. Distribuição dos Enfoques. Totais arredondados para facilitar interpretação.

Tendência

Exemplos de Títulos

Qtde. aprox.

% sobre total

Religiosa-evangélica

“Bem-aventurados…”, “Evangelho Segundo o Espiritismo”, “Parábolas de Jesus”, “Fora da Caridade Não Há Salvação”

95

45%

Psicológica

“Depressão”, “Suicídio e sua prevenção”, “Vazio Existencial”, “Alfabetizando Emoções”, “Neurociência e Espiritismo”

55

26%

Filosófico-doutrinária

“Leis Morais”, “Livre-arbítrio”, “Causa e Efeito”, “Expiação e Provas”, “Lei de Igualdade”

30

14%

Científica

“Medicina e Espiritismo”, “Saúde e Espiritualidade”, “Sonambulismo, Êxtase e Dupla Vista”, “Energias da Vida e a Mente”

15

7%

Histórica

“Semana de Kardec”, “Eurípedes Barsanulfo”, “Chico Xavier – Legado Literário”, “Brasil Coração do Mundo”

12

6%

Outros / poéticos

“A porta atrás da estante”, “Laços invisíveis”, “O cãozinho perdido”

5

2%

 

2. Convergência de Interesses

Foco do Tema

Interesse principal do Centro Espírita

Interesse principal do Público/Frequentador

Religioso-evangélico

Reforço moral, leitura do Evangelho, prática no lar, consolação

Parte busca mensagens de fé, mas há certa repetição que pode cansar ouvintes assíduos

Psicológico

Às vezes menos priorizado pelo Centro (dependendo do perfil)

Muito demandado (depressão, suicídio, solidão, saúde emocional)

Filosófico-doutrinário

Alta prioridade nos estudos e grupos internos

Interessante para trabalhadores e estudiosos, mas menos atrativo ao público eventual

Científico

Pouco frequente nas escolhas dos Centros

Público jovem, acadêmico e profissionais da saúde têm grande interesse

Histórico

Usado em efemérides e homenagens

Público geral costuma se emocionar, mas não é foco contínuo

Temas com destaque para livros e Autores

Vários livros e autores importantes para o Espiritismo são explicitamente mencionados ou fortemente inferidos pelos temas:

O Evangelho Segundo o Espiritismo: Este livro é diretamente referenciado por diversos palestrantes e seus ensinamentos permeiam a maioria das palestras de cunho religioso-evangélico e psicológico, focando em moral, ética e conduta cristã.

O Livro dos Espíritos: Mencionados especificamente para o estudo de perguntas sobre penas e gozos futuros e a lei de igualdade, este livro sendo a base do Espiritismo, aborda muitas questões filosóficas e doutrinárias fundamentais.

Obras de André Luiz: Palestras com referência as obras de André Luiz, indicam um interesse em temas mais aprofundados sobre o mundo espiritual e suas interações com a psique humana.

Joanna de Ângelis: sua menção nos temas das palestras sinaliza uma forte inclinação para a psicologia espírita e o autoconhecimento, temas centrais nas obras da mentora de Divaldo Pereira Franco.

Obras de Emmanuel (Fonte Viva, Vinha de Luz, Pão Nosso, Mãos Unidas, Bênção de Paz, Palavras de Vida Eterna, Caminho, Verdade e Vida): essas referências demonstram um foco em ensinamentos evangélicos de consolação espiritual.

Allan Kardec: Além de citar seus livros, o codificador também é homenageado em "SEMANA DE KARDEC", "Allan Kardec, Missionário do Cristo" e "Kardec Responde", evidenciando a preocupação de manter Kardec na base doutrinária.

Chico Xavier e Eurípedes Barsanulfo: Reconhecidos por seus legados de amor e missão, evidenciando a valorização de exemplos de vida espírita e o interesse em preservar suas memórias.

“Os temas escolhidos revelam tanto os hábitos dos Centros Espíritas
quanto os gostos e as preferências dos palestrantes.”

Tendências Observadas

  • Predomínio: palestras religiosas-evangélicas (mais da metade dos títulos).
  • Crescimento: linha psicológica, refletindo a preocupação atual com saúde mental.
  • Constante: filosofia doutrinária, sempre presente, talvez de interesse maior para os trabalhadores.
  • Menor incidência: enfoque científico e histórico — aparecem, mas em menor proporção, quase sempre vinculados a determinados palestrantes.


Interesse dos Palestrantes, Centros Espíritas ou da Audiência?

A análise sugere que a amostra de temas procura refletir um equilíbrio entre todos os interesses envolvidos. Certamente, porém, há muitas casas que priorizam palestras baseadas em O Evangelho Segundo o Espiritismo, por acreditarem que a função consolidadora só poderia acontecer por meio desta obra, o que denota uma visão religiosa-evangélica, pois, todos os ensinamentos dos Espíritos promovem a compreensão e sua consequente ação consoladora.

Interesse da Audiência: A predominância de temas psicológicos e religiosos-evangélicos voltados para a resolução de problemas cotidianos, superação de desafios emocionais (depressão, solidão, luto), e a busca por paz e consolo, aponta para uma resposta direta às demandas do público. As pessoas procuram os Centros Espíritas para encontrar amparo, orientação e sentido para a vida, e a vasta gama de palestras sobre "como lidar com", "como superar" ou "a importância de" atende a essa busca por auxílio prático e espiritual. A recorrência do tema "Suicídio" é um forte indicativo de resposta a uma necessidade social premente.

Interesse dos Palestrantes/Centros: A inclusão de palestras filosófico-doutrinárias e científicas, bem como o estudo aprofundado de obras fundamentais de Kardec e outros autores, demonstra o compromisso dos centros e dos palestrantes em educar, esclarecer e aprofundar o conhecimento da Doutrina Espírita em sua integralidade (ciência, filosofia e moral). Esses temas visam formar e consolidar a base doutrinária dos frequentadores, garantindo a fidelidade aos princípios espíritas.

Convergência: O Espiritismo, por sua natureza, oferece uma visão integral do ser humano, combinando aspectos filosóficos, científicos e morais. Isso permite que temas considerados "psicológicos" sejam abordados sob uma ótica doutrinária e evangélica, de forma a unir o interesse dos centros em disseminar a doutrina com o interesse do público em encontrar soluções para suas aflições.

 

Outras Análises

1. Enfoque na Transição Planetária: Há uma clara preocupação com o momento atual de transição do planeta, com palestras como "Entramos no ápice do trabalho espiritual da transição", "No rumo do mundo de regeneração", "Da transição à regeneração", "Os tempos são chegados" e "Os transtornos psicológicos na transição planetária". Isso indica que os centros estão oferecendo reflexões sobre o papel do indivíduo neste período de grandes mudanças.

2. Popularidade de Palestrantes: A repetição de nomes como Haroldo Dutra Dias, Divaldo Pereira Franco, Mayse Braga e Jorge Elarrat em diversas palestras sugere que esses são oradores bastante procurados e influentes, cujas abordagens ressoam com os Centros e o público.

3. Abordagem Holística: Há uma visão integrada do ser, como visto em "Cuidar do corpo e do Espírito", e no reconhecimento da mente e das emoções como elementos-chave para o bem-estar ("Pensamento e Vontade", "As energias da vida e a mente humana", "Corrigindo a Sintonia Mental").

4. Incentivo à Prática Diária: Muitos títulos não são apenas teóricos, mas convidam à ação e à aplicação prática dos ensinamentos no cotidiano, como "A prática do Evangelho no lar", "Boas Obras", "Conviver em harmonia" e "Na luta diária".

5. Temas Infantis e Familiares: A presença de palestras voltadas para crianças ("Homenagem as crianças – Jesus, Mestre para as crianças e adultos") e jovens ("Espiritismo e juventude no mundo em transição") e para a família ("Família, escola da alma") demonstra a preocupação com a educação e a evangelização desde cedo, e o apoio à estrutura familiar.

A amostra de títulos de palestras revela um movimento espírita dinâmico, que busca não apenas preservar e transmitir sua doutrina fundamental, mas também aplicá-la de forma prática às necessidades psicológicas e morais do indivíduo contemporâneo, oferecendo consolo, esclarecimento e incentivo à transformação íntima.

 “Entre filosofia, evangelho, psicologia, ciência e história, vemos nascer um retrato vivo do Espiritismo em movimento.”

 Quem assiste as palestras?

Embora possa ter uma variação de acordo com o perfil da casa, a maioria do público é formada por frequentadores habituais e alunos (70%), trabalhadores (25%) e novos frequentadores (05%).

Os temas das palestras deveriam contemplar atingir todos esses segmentos de forma proporcional.

 


Conclusão

A amostra indica que os Centros Espíritas ainda priorizam a linha religiosa-evangélica, herdada dos pioneiros no Brasil, como forma de oferecer o caráter consolador. Contudo, há uma ascensão nítida da abordagem psicológica, que responde às necessidades atuais do público. A filosofia doutrinária se mantém como sustentação, mas restrita a público mais engajado, em geral com mais idade. Já os enfoques científico e histórico são minoritários, aparecendo pontualmente, e poderiam ser mais explorados para enriquecer a diversidade das palestras.

Isso sugere que o interesse dos frequentadores (psicológico e consolador) nem sempre coincide com a prioridade dos Centros (evangélico e moralizador) — embora haja convergências, como nos temas de suicídio, família e reforma íntima.









domingo, 24 de janeiro de 2021

Transforme a Biblioteca em Centro de Conhecimento

 


Qualquer saber deve ser compartilhado e enriquecido para aumentar sua utilidade.

A gestão do conhecimento passa a valorizar o saber individual e o coletivo como o capital intelectual das organizações. O avanço da tecnologia facilita a produção de conteúdo e proporciona uma interação jamais vista na história. Por isso, se torna oportuno proceder algumas mudanças no Centro Espírita para colher os benefícios que esse momento propicia.

As bibliotecas dos Centros Espíritas, por uma razão ou por outra, mais se assemelham a depósitos de livros usados. Reconhecendo a existência de exceções, elas costumam ser um lugar apagado, sem vida, para o qual não se faz nenhum esforço para evidenciar sua importância e torná-lo mais agradável, mais interessante, de modo a aumentar seus usuários, dar maior dinamismo às suas atividades e contribuir para resultados melhores.

Em decorrência dessa atitude, muitas bibliotecas estão subutilizadas, outras fechadas, e quem percorre os sebos que vendem livros usados verifica muitos volumes com o carimbo de uma biblioteca espírita extinta.

A biblioteca espírita cumpre ou deveria cumprir objetivos estratégicos de comunicação do conhecimento espírita para o público interno. Faz parte de uma série de ações e atividades voltadas a facilitar o acesso e a compreensão das ideias espíritas. Deve ser encarada como uma estrutura vital que viabiliza uma construção maior.

A gestão do saber oferece a grande oportunidade, dinâmica, bastante ampla e com resultados otimizados, de transformar a biblioteca em um Centro de Conhecimento, mais apropriado para as organizações que realmente desejam aprender, motivar a produção de conhecimento e facilitar o aprendizado.

Não se trata de mera retórica, ou simples mudança de rótulo. Trata-se de considerar cada participante da organização, qualquer que seja sua atuação, como uma fonte de saber individual e uma parcela significativa do saber coletivo, ajudando a formar sua história e sua cultura. Mais do que isso, trata-se de incentivar e criar motivações renovadas para a contribuição efetiva e periódica de todos os colaboradores que compõem sua força de trabalho.

O conhecimento compartilhado abrangeria o empírico, científico, filosófico e espiritualista. Também pode ser dividido em explícito, tácito e implícito:

Explícito: registrado em livros, textos e documentos.

Tácito: ligado à experiência, de difícil verbalização.

Implícito: adquirido inconscientemente, de forma intuitiva.

 No Centro de Conhecimento, os livros também estão lá, assim como mídias de dados, imagens, áudio e vídeo, jornais, boletins, revistas, relatórios, resumos de palestras, apresentações visuais, biografias, entrevistas, reportagens, pesquisas, artigos, poesias — tudo que contribui para a construção do saber.

Todos os participantes são convidados a contribuir: bibliografias, recortes de notícias, resenhas, estatísticas, sugestões, produções infantis e artísticas. Tudo é informação. Tudo é oportunidade de crescimento.

A Inteligência Artificial como ferramenta do Centro de Conhecimento

A inclusão da Inteligência Artificial (IA) representa um salto qualitativo no modo como o Centro de Conhecimento pode organizar, expandir e democratizar o acesso ao saber. Eis algumas aplicações concretas:

 Indexação e recuperação da informação

Ferramentas de IA podem:

  • Analisar e organizar automaticamente documentos e mídias;
  • Criar resumos e palavras-chave;
  • Propor conexões entre temas relacionados;
  •  Facilitar a localização de conteúdos por qualquer usuário.

Estímulo à leitura e estudo

Com sistemas inteligentes:

  • Leitores podem receber sugestões de leitura baseadas em seus interesses;
  • Grupos de estudo podem ser formados com base em afinidades temáticas;
  • Trechos de obras podem ser explicados ou comentados automaticamente por sistemas integrados.

Análise e compreensão textual

Softwares baseados em IA podem:

  • Traduzir obras para outros idiomas;
  • Explicar termos técnicos ou arcaicos;
  • Auxiliar na interpretação doutrinária, sempre com referências cruzadas às obras de Kardec.

Criação colaborativa de conteúdo com IA

  • Ajudar na redação de artigos, resumos, estudos e apresentações;
  • Sugerir estruturação de aulas e roteiros de palestras;
  • Identificar inconsistências ou contradições em textos, incentivando a revisão crítica e o aprendizado contínuo.

Curadoria e integridade doutrinária

Ao invés de censura, a IA pode ajudar a:

  • Sinalizar conteúdos que merecem atenção ou revisão;
  • Apoiar um comitê curador na orientação doutrinária;
  • Criar alertas que favoreçam o estudo comparativo e fundamentado.

 Integração virtual e acesso universal

Com o suporte digital e a IA, é possível manter uma sala virtual de leitura e estudo, com acervos acessíveis 24 horas por dia. Comentários, observações, dúvidas e contribuições podem ser registrados por qualquer participante, gerando um ambiente interativo e colaborativo, com histórico de conhecimento coletivo. 

Conclusão

O Centro de Conhecimento, com apoio da Inteligência Artificial, transforma a biblioteca tradicional em um ambiente vivo, criativo e colaborativo. Pessoas são valorizadas, talentos despertos e o compromisso com a Doutrina Espírita se fortalece por meio do estudo, do questionamento e da produção coletiva de conhecimento.

A tecnologia, quando bem aplicada, não substitui o humano, mas amplia sua capacidade de aprender, de ensinar e de contribuir para uma compreensão mais profunda do Espiritismo, em permanente evolução.

Todos podem — e devem — cooperar com a construção desse novo ambiente. O saber compartilhado é o verdadeiro progresso espiritual.


Ivan Franzolim

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Estudo das Parábolas de Jesus


Os evangelhos relatam 48 parábolas apresentadas por Jesus. Lucas mostra 34, Mateus 25, Marcos 7 e João apenas 2.



Uma parte importante dos ensinamentos de Jesus, foi constituída por parábolas que significa “comparação” ou ainda “colocar uma coisa de lado de outra”. Cerca de 30% das palavras dos evangelhos sinóticos são de alegorias, ditos parabólicos e parábolas. Embora não fosse novidade o uso desta técnica, a análise leva a crer que ele a usou com mais propriedade e em maior quantidade, comparativamente aos outros livros da bíblia.
Este modo de expor tem sido entendido como uma técnica pedagógica, cujo objetivo é apresentar um raciocínio e uma conclusão, por detrás de uma breve narração, facilitando sua memorização e permitindo que o ensinamento de fundo, possa surgir gradativamente na mente dos ouvintes, até a sua plena compreensão.
Parábolas foram usadas por Jesus como uma forma mais eficaz de ensinar verdades desconhecidas por meio de verdades e fatos conhecidos.
Pode ser considerada também, como uma forma de deixar escondido um ensinamento para aqueles que ainda não apresentam condições de entendimento e, concomitantemente, evitar um certo desgaste a Jesus, gerado no hábito, comum daquela época e povo, de se discutir a obediência das leis mosaicas.
A correta interpretação das parábolas possibilita o fenômeno da sua aplicação universal em todos os tempos, adaptada às situações análogas.
Pesquisas no âmbito da comunicação constataram que o maior obstáculo à compreensão de uma mensagem é a tendência dos homens em pré julgar. Nesse sentido, a parábola possui a grande vantagem de não predispor os ouvintes a censura prévia, facilitando sua assimilação.

Nenhuma parábola está presente nos quatro evangelhos, 5 aparecem em três, 11 em dois e 33 em apenas um evangelho.

A definição de parábola é "narração alegórica na qual o conjunto de elementos evoca, por comparação, outras realidades de ordem superior ou moral". De suas características, surge uma força que leva o ouvinte a refletir sua conclusão. Um bom exemplo de parábola do antigo testamento está em II Samuel 12:1-14, conhecida como "o profeta Natan repreende a Davi".
De maneira geral, a parábola difere da alegoria por ser mais extensa e exigir maior coerência e plausibilidade entre seus elementos. Alegoria é a exposição de um pensamento sob forma figurada (metáfora) ou uma seqüência de metáforas que significam uma coisa nas palavras, outra no sentido. Alguns autores adotam também o termo símile que quer dizer comparação de coisas semelhantes. "Vós sois a luz do mundo" é uma metáfora; "como um cordeiro mudo diante daquele que o tosquia" é um símile. "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, ficará só, mas se morrer, produzirá muito fruto" [João 12:24] é uma alegoria.
Em comparação com as parábolas judaicas, as de Cristo possuem a diferença fundamental de forçarem o ouvinte a tomar uma posição sobre o assunto. Sua estrutura impele as pessoas a refletirem sobre sua conclusão. Existe um aspecto positivo que parece sobressair em relação aos demais. É seu poder de invadir o tempo e as gerações, despertando o mesmo interesse (senão maior), permitindo sempre que os homens possam ampliar, a cada instante, o sentido dos ensinamentos que transmite. Por tudo isso, bom proveito! Escolha uma parábola para ler e boas reflexões.
No Novo Testamento, as cartas de Paulo não apresentam parábolas propriamente ditas, mas narrativas alegóricas ou enigmáticas, como o ladrão à noite e a mulher prestes a dar à luz (I Ts. 5:2), o grão de trigo (I Co. 15:37-38, 42-44); ilustrações agrícolas (I Co. 3:6; Gl. 5:22)', os crentes como membros do corpo de Cristo (I Co. 12:12; Rm. 12:4).
Apesar de o Antigo Testamento ser mais extenso que o Novo Testamento, ele possui apenas onze parábolas escritas em estilo mais simples e menos estruturado. Isso evidência uma característica e preferência didática nos discursos de Jesus.

Parábolas no Antigo Testamento:
1. Os moabitas e os israelitas. O narrador foi Balaão, no monte Fisga (Neemias 23:24).
2. As árvores que escolheram um rei. Foi contada por Jotão, no monte Gerizim (Juízes 9:7-15).
3. A ovelha e o pobre. Foi narrada pelo profeta Natã, em Jerusalém (II Samuel 12:1-5).
4. O conflito entre irmãos. Uma mulher de Tecoa contou-a em Jerusalém (II Samuel 14:9).
5. O prisioneiro que escapou. Apresentada por um jovem profeta, perto de Samaria (I Reis 20:25-49).
6. O espinheiro e o cedro. O rei Joás a contou, em Jerusalém (II Reis 14:9).
7. A videira que deu uvas bravas. Isaías contou essa parábola, em Jerusalém (Isaías 5:1-7).
8. As águias e a vinha (Ezequiel 17:3-10).
9. Os filhotes de leão (Ezequiel 19:2-9).
10. O caldeirão fervente (Ezequiel 24:3-5).
11.  Israel como  o vinha perto  da  água (Ezequiel 24:10-14).


As 48 parábolas de Jesus

Parábolas
Lucas
Mateus
Marcos
João
1
Vinho novo em odres novos
5:36-39
9:16-17
2:21-22

2
A casa sobre a rocha
6:47-49
7:24-27


3
A geração de hoje
  7:31-35
11:16-19


4
O semeador
  8:  4-  8
13:  3-  9
  4:  3-  9

5
O espírito impuro volta à casa
11:24-26
12:43-45


6
O ladrão
12:39-40
24:43-44


7
O criado fiel e prudente
12:41-48
24:45-51


8
Diante do juiz
12:58-59
  5:25-26


9
O grão de mostarda
13:18-19
13:31-32
  4:30-32

10
O fermento
13:20-21
13:33


11
Banquete para os pobres
14:15-24
22:  2-14


12
A ovelha desgarrada
15:  1-  7
18:12-14


13
Dez moedas ou Cem Dracmas (talentos)
19:11-27
25:14-30


14
Os maus vinhateiros
20:  9-18
21:33-46
12:  1-12

15
A figueira que secou
21:29-31
24:32-33
13:28-29

16
A semente que brota da terra


  4:26-29

17
O porteiro vigilante


13:33-37

18
O joio entre o trigo

13:24-30


19
O tesouro escondido

13:44


20
A pérola preciosa

13:45-46


21
A rede

13:47-50


22
Coisas novas e velhas

13:52-53


23
O devedor implacável

18:23-35


24
Os trabalhadores da vinha

20:  1-16


25
Os dois filhos

21:28-32


26
As dez virgens

25:  1-13


27
O juízo final

25:31-46


28
Os dois devedores
  7:41-43



29
O bom samaritano
10:29-37



30
O amigo que chega de viagem
11:  5-  8



31
O rico sem juízo
12:16-21



32
O retorno do senhor
12:35-28



33
A figueira estéril
13:  6-  9



34
A porta estreita
13:24-30



35
A escolha dos lugares
14:  8-11



36
A escolha dos convidados
14:12-14



37
A edificação da torre
14:28-30



38
que vai guerrear
14:31-33



39
A moeda perdida (dracma)
15:  8-10



40
O filho pródigo
15:11-32



41
O administrador infiel
16:  1-  8



42
O rico avarento e Lázaro
16:19-31



43
O dever dos criados
17:  7-10



44
A viúva e o  juiz
18:  1-  8



45
O fariseu e o publicano
18:  9-14



46
As dez minas
19:11-27



47
O bom pastor



10:  1-16
48
A videira e os ramos



15:  1- 10

TOTAIS
34
25
7
2


Existem alegorias (metáforas curtas) que podem ser confundidas com parábolas, como: Mateus 9:15-17.