sexta-feira, 14 de setembro de 2012

A filosofia espírita precisa de ajuda


A filosofia espírita não é aceita nas academias e na mídia

Mudar essa constatação é um dever dos espíritas, particularmente daqueles graduados em filosofia e daqueles que atuam na área da comunicação.

Introdução
A Doutrina Espírita é antes de tudo uma filosofia. Em O Livro dos Espíritos (1857) vemos no cabeçalho do seu título as palavras: Filosofia espiritualista. Em Prolegômenos lemos “Foi escrito por ordem e mediante ditado de Espíritos superiores, para estabelecer os fundamentos de uma filosofia racional, isenta dos preconceitos do espírito de sistema.” (grifos nossos).

Apesar disso, fora do movimento espírita,  nacional e mundialmente ela não é reconhecida como tal no âmbito acadêmico, na literatura e na grande mídia. Como religião costuma aparecer em dicionários e tratados dessa ordem, mas como filosofia não a encontramos, nem quando o autor é brasileiro e espírita.

Pesquisa
Realizado levantamento em livrarias de São Paulo buscando obras respeitadas com mais de uma edição que abordem diferentes filosofias, escolas e correntes.

 Livros pesquisados:
1.     Filosofia – Guia Ilustrado Zahar. Stephen Law. Zahar.
2.     O Livro da Filosofia. Editora Globo.
3.     Filosofia – Textos fundamentais comentados. Lawrence Bonjour & Ann Baker. Artmed.
4.     Filosofias da Morte. Regiano Bregalda & outros. Meritos Editora
5.     Filosofias do Mundo, As. David E. Cooper. Loyola
6.     História da Filosofia. Christoph Helferich. Martins Fontes.
7.     História da Filosofia. Nicola Abbagnano. Editorial Presença.
8.     História das Grandes Filosofias. Martins Fontes
9.     Filosofia – Construindo o Pensar. Dora Incontri & Alexxandro César Bigheto. Escala Educacional.
10.  Para Filosofar Hoje. Severo Hryniewicz. Lumen.
11.  Introdução à Filosofia. João Mattar. Pearson.
12.  Introdução à Filosofia. B. Mondin. Paulus.
13.  O Livro Completo da Filosofia. James Mannion. Madras.
14.  Dicionário Filosófico. Regina Shopke. Martins Fontes.
15.  Dicionário Oxford de Filosofia. Simon Blackburn. Zahar.
16.  Dicionário dos Filósofos. Denis Huisman. Martins Fontes.
17.  Dicionário Universitário dos Filósofos. Jacqueline Laffitte & Noëlla Baraquin. Lexis.
18.  Dicionário de Filosofia. J. Ferrater Mora. Loyola.
19.  Dicionário de Filosofia. Mário Bunge. Perspectiva.
20.  Dicionário de Filosofia. Nicola Abbagnano. Martins Fontes.
21.  Dicionário de Filosofia. Thomas Ransom Giles. Editora EPU.
22.  Dicionário de Filosofia. José Ferrater Mora & Josep-María Terricabras. Edições Loyola.
23.  Dicionário de Filosofia. José Ferrater Mora. Martins Fontes.
24.  Dicionário de Filosofia. Juan Carlos & González García. EDAF. España.
25.  Dicionário de Filosofia de Cambridge. Organizador: Audi, Robert. Paulus Editora.
26.  Dicionário Breve de Filosofia. Mário Vidigal, Alberto Antunes & Antonio Estanqueiro. Editorial Presença.
27.  Breve Dicionário de Filosofia. Miguel Angel Quintanilha. Ed. Santuário.
28.  Pequeno Dicionário Filosófico. Hermann Collody. Livraria Garnier.
29.  Dictionary of Philosophy. Simon Blackburn. Oxford.
30.  Dictionnaire de Philosophie. Jacqueline Russ. Bordas. Paris.
31.  Dicionário Básico de Filosofia. Hilton Japiassú & Danilo Marcondes. Zahar

Foi pesquisada também a Wikipedia [1], que é uma enciclopédia aberta na Internet cujo texto recebe a contribuição controlada dos próprios leitores.

O problema
Em pesquisa realizada em três grandes livrarias da cidade de São Paulo foram consultadas 31 obras de 20 editoras, além da Wikipédia na Internet. Com exceção do  livro 31 (Dicionário Básico de Filosofia), não encontramos nenhuma alusão à Filosofia Espírita, nenhum verbete sobre “Espiritismo” ou “Allan Kardec”, embora algumas obras abordem o espiritualismo, o karma, a filosofia africana, americana nativa, indiana, a magia e até astrologia, mas não possuem verbetes como: espiritismo e Kardec.
O Dicionário Básico de Filosofia foi o único livro que encontramos que traz dois breves verbetes: Espiritismo e Allan Kardec, mas não faz menção à Filosofia Espírita.
O livro número 7 (História da Filosofia, de Nicola Abbagnano), em seu volume 10 chega a abordar o Espiritualismo em França, sem registrar nenhuma menção à Kardec ou ao Espiritismo.

Pesquisa de palavras encontradas nos sites no Google Brasil apresentou o seguinte resultado:
Palavras         Filosofia
97.900             Oculta (Ocultismo)
81.500             Espírita
61.400             Esotérica
56.800             Indiana
38.500             Americana
13.300             Africana

Esses dados demonstram que a filosofia espírita no Brasil é mais comentada que outras, mas não tem a mesma aceitação fora do mundo espírita.

Solução
Para atenuar essa posição antagonista e predominante e caminhar para a aceitação mundial da existência da filosofia espírita, muitas medidas serão necessárias com o imprescindível engajamento dos espíritas graduados em filosofia e dos comunicadores.

Sugestões de ações que podem ser implementadas:
·     Desenvolver debates acadêmicos.
·     Fomentar monografias e teses acadêmicas.
·     Escrever artigos na mídia não espírita.
·     Escrever livros para não espíritas esclarecendo que o Espiritismo tem uma filosofia estruturada e ela contribui para elucidar as questões sobre o ser e a vida. Apenas se tem notícia do livro de José Herculano Pires: Introdução à Filosofia Espírita. São Paulo. Paidéia, 1983. O livro Noções Fundamentais da Filosofia Espírita -  Contra os desvios do intelectualismo e do misticismo alienantes, é voltado para os espíritas, de Nazareno Tourinho. FEESP.
·     Escrever para autores e editores fornecendo fundamentação da filosofia espírita e oferecendo modelo de verbetes.
·     Escrever para autores e editores oferecendo modelo de verbetes escritos correta e imparcialmente, como:
o   Allan Kardec
o   Espiritismo
o   Filosofia Espírita

Ivan Franzolim

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