Como as pessoas escolhem uma religião?
Pesquisas mostram que a religião é mais frequentemente
transmitida de geração em geração, e as pessoas tendem a manter a religião em
que foram criadas. Além disso, a religião pode ser uma parte importante da
identidade cultural e social de uma pessoa, o que pode dificultar
mudar de religião ou abandoná-la.
Alguns países, regiões e cidades com alta densidade de
determinada religião, exercerão alta influência na formação religiosa das
pessoas, como subproduto da influência cultural.
Vivenciar os hábitos de uma prática religiosa fortalecem a
convicção e a permanência nessa religião. Dificilmente uma pessoa se torna
adulta e em um momento toma a decisão de qual religião, ou não religião, seguirá. Isso ocorre natural e gradualmente.
Desse modo, podemos assumir que a maioria não conheceu ou
procurou conhecer outras religiões, ou mesmo optaram por não ter religião. Assim, elas não sabem se os ensinos são
melhores, apenas seguem por tradição e hábitos incorporados.
Dificuldade com o Espiritismo no Brasil
Desde 2015, a Pesquisa Nacional Espírita (PNE) tem apontado
uma participação reduzida dos jovens nos Centros Espíritas, tendência que vem
se agravando ao longo dos anos. Paralelamente, observa-se que a idade média dos
frequentadores está elevada e continua crescendo, atualmente em torno de 54
anos.
Outro dado preocupante é a dificuldade dos pais em incentivar a participação de seus filhos nas atividades espíritas. Além disso, muitas casas espíritas sofreram uma redução significativa no número de trabalhadores e frequentadores durante a pandemia, levando, em alguns casos, ao fechamento definitivo dessas instituições. Esses fatores desenham um cenário desafiador para o crescimento do Espiritismo no Brasil, exigindo estratégias eficazes para garantir sua continuidade e expansão.
Alternativas para a solução
Diante desse panorama, algumas medidas podem ser adotadas
para fortalecer a presença do Espiritismo na sociedade brasileira:
·
Engajamento do público infantojuvenil: Os
Centros Espíritas devem facilitar a participação das novas gerações, auxiliando
os pais nessa tarefa. Isso pode ser feito por meio de palestras e atividades
que utilizem linguagem acessível, dinâmica e conectada à realidade dos jovens,
evitando um tom excessivamente moralista. Reduzir a ênfase religiosa e
valorizar aspectos históricos, filosóficos e científicos do Espiritismo pode
tornar o estudo mais atrativo para essa faixa etária.
·
Aproximação dos "sem religião":
O número de brasileiros que se declaram sem vínculo religioso tem crescido,
passando de 8% em 2010 para uma parcela ainda mais expressiva atualmente. O
Espiritismo, com seu caráter filosófico e científico, tem potencial para
dialogar com esse público, oferecendo reflexões que vão além da religiosidade
tradicional.
·
Fortalecimento do vínculo com os
simpatizantes: muitos indivíduos têm afinidade com os princípios espíritas,
mas não se engajam ativamente nos Centros Espíritas. Para atraí-los e
fidelizá-los, as casas espíritas devem investir em recepção acolhedora,
atendimento fraterno acessível, cadastro ativo de frequentadores e comunicação
digital eficiente.
·
Presença digital estratégica: A internet
e as redes sociais dominam a interação humana contemporânea, sendo essenciais
para alcançar novos públicos. Entrevistas, palestras, podcasts, vídeos,
artigos, pesquisas, fóruns e blogs devem ser utilizados de forma estruturada e
contínua, ampliando o alcance da mensagem espírita e promovendo maior
engajamento.
Conclusão
Garantir a manutenção e a expansão do Espiritismo no Brasil
é uma responsabilidade compartilhada por todos os espíritas. No entanto, esse
desafio deve ser liderado, prioritariamente, pelas federativas e instituições
espíritas, que possuem os meios e a influência necessários para implementar
estratégias eficazes de aproximação com novos públicos. Somente com um esforço
coordenado será possível reverter a tendência de retração e garantir que a
Doutrina Espírita continue cumprindo sua missão de esclarecimento e consolo
para as futuras gerações.