Muita Luz (Beaucoup de Lumière) Berthe Fropo, Paris 1884 e São Paulo 2017. O Legado de Allan Kardec (2018), Simoni Privato Goidanich. Revolução Espírita - a teoria esquecida de Allan Kardec (2016), Mesmer - a ciência negada do magnetismo animal (2017), Autonomia - A História Jamais Contada do Espiritismo (2019). Paulo Henrique de Figueiredo.
Este é um texto-convite para o
leitor estudar o assunto. Caso conclua pela veracidade parcial ou total saberá
da importância de auxiliar a divulgação para que mais pessoas tenham a
oportunidade de resgatar o Espiritismo original.
É um trabalho difícil que vai
encontrar muitos obstáculos. Enfrentará desinteresse, preconceito e até certa
hostilização. Dificuldades compreensíveis, pois, todos os espíritas brasileiros
foram educados a partir de livros e espíritas formadores de opinião que também
tiveram os mesmos desentendimentos ou que não se ativeram a esses pontos.
Tendo um certo interesse em
saber mais, não deixe de investir algum tempo para ler e estudar de mente
aberta. O resultado poderá trazer nova compreensão ou reafirmar convicções
contrárias. Provavelmente deverá ocorrer a primeira hipótese.
Não se trata de atacar autores e
livros, mas do estudo e entendimento da proposta original, o que poderá identificar
discrepâncias de ideias, conceitos e argumentos.
Aspectos fundamentais para a
compreensão do Espiritismo precisam de revisão urgente, sob pena de
vivenciarmos um falso espiritismo. Conceitos como da moral espírita, lei de
causa e efeito, provas e expiação, culpa, castigo, livre arbítrio,
reencarnação, o mecanismo do passe, o processo de cura e outros.
Alguns momentos históricos moldaram
a compreensão atual da doutrina. Foram decisivos para mudar a maneira de
entender diversos pontos essenciais do espiritismo. Veja:
França 1 – Publicação
de Os Quatro Evangelhos - Espiritismo Cristão ou Revelação da Revelação em
Paris, 1866, por Jean-Baptiste Roustaing (1805 – 1879).
França 2 – Empenho
de Pierre-Gaëtan Leymarie (1827-1901) para difundir a obra de Roustaing no meio
espírita.
Brasil 1 – os dois
baianos.
Francisco Antônio Pereira da
Rocha foi um consagrado advogado baiano, Doutor pela Universidade de Coimbra, a
quem Kardec ofereceu o título de membro da Sociedade Parisiense de Estudos
Espíritas e os direitos de tradução de OLE em 1860. Por algum motivo não
desenvolveu ações em favor da divulgação do espiritismo.
Luís Olímpio Teles de Menezes,
fundou (17/09/1865) em Salvador, o primeiro grupo espírita no Brasil e lançou o
primeiro periódico de conteúdo espírita (1869) mesclado com muito texto e
ideias católicas. Tendo iniciado no espiritismo, ainda continuava católico.
Brasil 2 – Grupos
espíritas no RJ na década de 1880.
Nessa década, um pequeno, mas
influente grupo de espíritas recém iniciados no espiritismo e marcados por um
profundo sentimento religioso nascido no catolicismo, intencionaram fundar no
Brasil o espiritismo como uma nova religião, tendo por base as obras de Kardec
e Roustaing.
Eram oriundos do Grupo dos
Humildes e Grupo Ismael. Espíritas ilustres que tiveram uma interpretação
equivocada da Doutrina por meio das comunicações trazidas pelo médium Frederico
Júnior e que influenciaram a FEB - Federação Espírita Brasileira que, por sua
vez, induziu fortemente os textos de quase todas as obras espíritas.
Em 1893 Saião publicou o livro
“Trabalhos espíritas de um pequeno grupo de crentes humildes” reunindo relatos
de 59 sessões em que ficam evidenciados os equívocos das mensagens mediúnicas e
suas interpretações.
Personalidades como: Adolfo
Bezerra de Menezes Cavalcanti (1831 —1900), Francisco Leite de Bittencourt
Sampaio (1834 – 1895), Antônio Luiz Sayão (1829 – 1903), Pedro Richard (1853 –
1918), Leopoldo Cirne (1870 - 1941) a partir de 1894 e Frederico Pereira da
Silva Júnior (1858-1914).
Eles participaram do embate de
ideias entre os chamados “místicos” e os “científicos”, que teve seu auge nos
anos 1895-1897 com a vitória dos primeiros liderados por Bezerra de Menezes. O
“grupo dos científicos, ou laicos, liderados por Afonso Angeli Torteroli (1849
- 1928) fazia oposição às ideias de Roustaing e às interpretações do espiritismo
dominadas pela teologia católica, mas foram vencidos pelos “místicos”.
Muitos outros momentos
históricos contribuíram para sedimentar interpretações errôneas, mas vieram
após os mencionados e foram por eles influenciados.
Ao longo do tempo, ocorreram
muitos alertas sobre desvios que os espíritas desprezaram, de espíritas de
importância como: Henry Sausse, Berthe Froppo, Gabriel Delanne, León Denis, Afonso
Angeli Torteroli, Batuíra, Cairbar Schutel, Carlos Imbassahy, Silvino Canuto
Abreu (posição somente agora conhecida), Carlos de Brito Imbassahy, Júlio Abreu
Filho, Luciano Costa, José Herculano Pires, Deolindo Amorim, Jorge Rizzini,
Wilson Garcia e Nazareno Tourinho, entre outros.
Agora as informações tornaram-se
mais abundantes, interconectadas e completas, baseadas em fatos que permitem
concluir pela necessidade de rever o nosso entendimento. Chegou a hora de
aprofundar o estudo.
Belo texto, Ivan! O estudo continuado e alicerçado nas obras fundamentais é o caminho.
ResponderExcluirMuito bom. Há tempos que me interesso por esse resgate.
ResponderExcluirIvan, parabéns por ser um dos poucos a levantar a questão, conhecimentos importantes e necessários para o movimento espírita em nosso país.
ResponderExcluirO caráter religioso e a imensidão de obras mediúnicas contrárias a doutrina, destoam as bases de Kardec.
Gratidão meu caro.
Muito bom descobrir o vazio deixado no momento pós óbito de kardec. Mas, entendo que esses possíveis desvios , não mudam a essência da doutrina espírita, porque a FEB não possui o monopólio intelectual nem produz uma hermenêutica das obras, capaz de obliterar o pensamento da maioria dos que estudam a doutrina. Concordo que passará muitos anos para que a Doutrina e o movimento espíritas expurguem as práticas e entendimentos de outras religiões.
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