Há cerca de 1600 anos a humanidade cristã comemora o dia do nascimento de Jesus de Nazaré
Como não há registro do dia que Jesus teria nascido, a
Igreja Católica estrategicamente adotou no século quatro, o dia 25 de dezembro
que era uma data festiva e alegre na qual os romanos celebravam o nascimento de
divindades nascidas no solstício de inverno. Assim seria mais fácil a conversão
dos “pagãos” ao cristianismo. Havia um festival chamado de Saturnália para se homenagear
o deus Saturno e também se comemorava o nascimento do deus persa Mitra que era
cultuado pelos romanos.
O solstício de inverno é um fenômeno astronômico usado para
marcar o início do inverno. Não é uma data fixa e ocorre anualmente em datas diferentes,
pois o início do inverno é diferente no hemisfério norte e no sul, este
ocorrendo por volta do dia 21 de Junho.
Era comum na antiguidade a troca de presentes entre as
pessoas nessa época, que geralmente eram produtos agrícolas e de artesanato. No
início do cristianismo essa prática foi reforçada pelo relato dos evangelhos
sobre os magos que presentearam os pais de Jesus. Curiosidade: sempre se
mencionam com reis magos, mas os papiros e pergaminhos encontrados do evangelho
segundo Mateus falam apenas que eram magos, o qualificativo “reis” e o número
de três magos foi incorporado depois na cultura popular.
Nesse dia festivo era costume servir muitos alimentos e
bebidas, tradição que foi reforçada pelo relato evangélico da “santa ceia” e
perdura até hoje com a ceia da véspera de Natal.
No mundo romano era comum cada casa cultuar deuses
diferentes, o que era encarado com naturalidade e respeito, sem interferir na
boa convivência. A Igreja Católica, após a conversão de Constantino ao
cristianismo, criou um clima de animosidade que perdura até hoje, partindo da
premissa arbitrária de que as pessoas somente poderiam seguir um deus, que
seria Jesus no dogma da santíssima trindade.
Constantino I, (272 — 22 de maio de 337), foi um imperador
romano, proclamado em 25 de julho de 306, governando o Império Romano até a sua
morte. Ficou famoso por adotar o cristianismo a partir do ano 312.
Segundo Eusébio de Cesareia, na noite anterior à uma batalha
ele teria sonhado com uma cruz, e nela estava escrito em latim “In hoc signo
vinces” (Sob este símbolo
vencerás). Logo ele mandou pintar uma cruz nos escudos dos soldados e conseguiu
uma vitória esmagadora sobre o inimigo. A partir desse evento ele se proclamou
cristão.
Antes desse fato, o imperador Constantino apresentava-se
como o protegido do deus Hércules, depois passou a colocar-se sob a proteção do
Deus Sol Invicto, divindade padroeira dos soldados.
Atualmente no mundo ocidental se comemora também o dia do
Papai Noel, na véspera do Natal. Essa figura lendária foi inspirada no santo
católico Nicolau Taumaturgo, que foi um arcebispo turco falecido em 342. A
partir de 1807, suas relíquias teriam originados milagres e sua devoção se
tornou maior com pessoa bondosa.
A imagem que todos temos do Papei Noel gordinho, de barba
branca, cinto preto, roupa vermelha e branca, foi originada de um desenho feito
em 1886 pelo desenhista alemão Thomas Nast, aproveitado pela publicidade norte
americana da Coca-Cola que criou campanhas com essa imagem até a década de 1940,
depois reproduzidas por todos os canais de comunicação até os nossos dias.
O aniversariante, Jesus de Nazaré, é provavelmente a
personalidade mais estudada do mundo. Estima-se que já foram escritos cerca de
cem mil livros sobre ele. Existem cerca de 1,2 bilhão de católicos e 1 bilhão
de protestantes no mundo. É uma figura controvertida. Historicamente sua
existência ainda não foi comprovada. Ele mesmo não deixou nada escrito, apenas
a tradição oral que acabou produzindo os textos do Novo Testamento, dos quais
nunca foi achado nenhum original. Todavia, ele foi responsável pelo maior
fenômeno de comunicação já produzido, numa época em que praticamente não havia
canais e técnicas de comunicação. Trechos de sua fala foram reproduzidos aos
milhares e encontrados em diversos países.
Segundo o Espírito de Verdade em O Livro dos Espíritos, Jesus é “o tipo mais perfeito
que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e de modelo”. Conforme Kardec, “Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a
Humanidade na Terra” e, segundo Emmanuel (guia espiritual de Chico Xavier) no livro A Caminho da Luz, Jesus é o
responsável pelo nascimento do planeta Terra e do progresso de todos os
espíritos a ele vinculados.
Tudo isso criou ao longo dos séculos um inconsciente
coletivo que leva a maioria das pessoas a encararem o Natal como uma época
especial do ano. Uma época diferente de outras datas comemorativas.
Parece haver uma atmosfera de generosidade, de
espiritualidade, de mistério envolvendo a todos. Sentimos despertar em nós
maior esperança, uma predisposição para o bem, um impulso para pensar sobre a
vida, uma vontade para ajudar os outros, o desejo de sermos mais tolerantes e o
prazer de contemplar a natureza.
Para a maioria das pessoas, domina um sentimento de alegria,
mas também persistem traços de um tipo de tristeza, mas uma tristeza positiva,
que induz a reflexão.
Não há dúvida de que é uma data importante para a
confraternização da humanidade, o exercício da fraternidade, a identificação de
cada pessoa das suas oportunidades de melhoria e a determinação íntima de perseguir
esses objetivos. Esse é um clima de boas realizações individuais e coletivas.
Vamos aproveitar essa atmosfera benéfica e tirar dela o melhor proveito para o
nosso enriquecimento espiritual e da sociedade.
Publicado originalmente no Jornal Segue a Jesus.