O espiritismo adota o conceito da ciência quanto aos
fenômenos denominados de milagres, entendendo que eles, simplesmente não
existem! A ciência parte da premissa que a natureza obedece a leis naturais;
sua função é descobrir essas leis e agir sobre as causas, para fazer que o
mesmo fenômeno se reproduza quando for desejado. Quando um determinado fenômeno
não se explica com as leis já conhecidas, a ciência segue dois caminhos:
considera que houve algum tipo de artifício/mal-entendido ou que é preciso
estudar e pesquisar mais sobre o assunto. Em relação as ocorrências contidas
nos evangelhos, a ciência tem preferido seguir apenas pelo primeiro caminho.
A ciência espírita, embora também se baseie na existência
de leis naturais, difere da ciência oficial, por acreditar que elas atuam sobre
a parte espiritual da criação, refletindo na matéria. Difere ainda, de modo
fundamental, quando aceita a existência e o uso de um sentido novo conhecido
por mediunidade, além dos cinco conhecidos, para aplicar os métodos
experimentais necessários ao exame e estudo científico dos fatos.
Para o espiritismo, o Criador sendo perfeito— perfeitas
são suas leis e naturais os fenômenos da vida. É difícil para nós — os humanos,
imaginarmos um sistema perfeito que atenda a todas as necessidades sem
apresentar qualquer desvantagem e ainda possa acompanhar a transformação do
mundo, trazendo só benefícios e assegurando um bom destino a toda a criação,
variando apenas a dimensão temporal.
Paradoxalmente à perfeição absoluta que entendemos o
Criador, acabamos pensando que há erros, injustiças, esquecimentos. Acabamos
imaginando que precisamos alertar e pedir constantemente a interferência divina
em nosso dia-a-dia. Acabamos concluindo que Deus atende aos desejos de uma minoria
privilegiada, curando uns, oferecendo uma sobrevida a outros, mas deixando multidões
submetidas aos mais diferentes tipos de sofrimento. O espiritismo veio
explicar, ou melhor, dar as primeiras explicações sobre a lei de ação e reação
que faz repercutir em cada um os seus próprios atos e pensamentos, a lei de
cooperação, a lei de sintonia, a lei de progresso, a lei de justiça e outras
tantas que apesar de derrubarem nossa crença nos milagres, faz engrandecer
ainda mais nossa compreensão de Deus, aumentando nossa confiança, trazendo
explicações e consolo em nossos problemas, dando forças para enfrentar as
dificuldades, motivando e oferecendo subsídios para a nossa transformação interior
rumo à felicidade plena.
Historicamente, o homem sempre necessitou do amparo da
dor ou do fenômeno surpreendente, para acreditar em Deus, em si mesmo e nas
forças naturais do universo que escapam ao exame dos sentidos comuns. Por isso
os milagres tem tido um papel relevante na transformação moral do homem. Todavia,
na medida em que o ser cresce e se desenvolve, deixa para trás o período
natural de infância e passa a não precisar dos mesmos estímulos para sentir,
crer e entender. A doutrina espírita atinge primeiro os seres que almejam mais
conhecimentos e anseiam pela sublimação de seus sentimentos.
Acima de toda a nova compreensão que hoje temos, os milagres
ainda nos encantam, particularmente aqueles ocorridos pela influência do mestre
Jesus. É fascinante ler e estudar esses fenômenos, procurando descobrir suas
causas, as leis que os regem, sabendo que eles estão disponíveis para todos
nós, aguardando nossa capacitação. É fascinante acompanhar o desenrolar dos
milagres e procurar desvendar a beleza contida na intenção e nos sentimentos
que originam cada um, próprios de um ser evolutivamente muito acima de nós.
Precisamos ver o que cada fato extraordinário está tentando nos dizer. Como
eles foram produzidos tem uma importância secundária, face ao que eles podem
significar e ensinar sobre a natureza espiritual do homem.
Etimologicamente a palavra milagre significa “maravilhas”
ou “sinais”, distanciando-se do entendimento de uma derrogação das leis.
O quadro a seguir mostra 44 fenômenos relatados nos
quatro evangelhos, ocorridos pela intervenção direta ou indireta de Jesus.
Lucas apresenta o maior número total de milagres: 27, e o maior número de
milagres de curas: 10, talvez por seu interesse em medicina; Marcos relata um
total de 26 e João relata apenas 10.
Somente dois milagres são
relatados nos quatro evangelhos, quatorze aparecem em três evangelhos, 11 em
dois evangelhos e 17 milagres são relatados em apenas um dos evangelhos.
Confira.
Os 44 "milagres" de Jesus
Nº
|
Fenômenos
na natureza
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
Multiplicação dos pães e peixes (5 mil)
|
14:13-21
|
6:30-44
|
9:10-17
|
6: 1-15
|
2
|
Tempestade amainada
|
8:23-27
|
4:35-41
|
8:22-25
|
|
3
|
Andar sobre as águas
|
14:22-33
|
6:45-52
|
|
6:16-21
|
4
|
Multiplicação dos pães
e peixes (4 mil)
|
15:32-39
|
8: 1- 9
|
|
|
5
|
Dessecação da figueira
|
21:18-22
|
11:12-14
|
|
|
6
|
Duas barcas de peixes em
Genesaré
|
|
|
5:
1-11
|
|
7
|
Transformação da água em vinho
|
|
|
|
2:
1-11
|
8
|
Escuridão no céu
|
27:45
|
15:33
|
23:44
|
|
9
|
Moeda na boca do peixe
|
17:24-27
|
|
|
|
10
|
Pesca de 153 peixes em Tiberíades
|
|
|
|
21: 1-14
|
Nº
|
Fenômenos
com Jesus
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
Jesus passa incólume
pelos inimigos
|
|
|
4:29-30
|
8:59
|
2
|
A transfiguração de
Jesus
|
17: 1- 13
|
9: 2- 13
|
9:28-36
|
|
3
|
Jesus prevê a negação
de Pedro
|
26:33-34
|
14:29-30
|
|
|
4
|
Aparição tangível de
Jesus
|
28: 1- 7
|
16: 1- 8
|
24: 1-12
|
20: 1-10
|
Nº
|
Curas
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
A sogra de Pedro
|
8:14-15
|
1:29-31
|
4:38-39
|
|
2
|
Um leproso
|
8: 1- 4
|
1:40-45
|
5:12-16
|
|
3
|
Um paralítico em
Cafarnaum
|
9: 1- 8
|
2: 1-12
|
5:17-26
|
|
4
|
Homem com a mão
atrofiada
|
12: 9-14
|
3: 1- 6
|
6: 6-11
|
|
5
|
A mulher com
sangramento
|
9:20-22
|
5:25-34
|
8:43-48
|
|
6
|
A fé do cego de Jericó
(Bartimeu)
|
20:29-34
|
10:46-52
|
18:35-43
|
|
7
|
O filho do oficial
romano
|
|
|
|
4:46-54
|
8
|
O criado do centurião
|
8: 5-13
|
|
7: 1-10
|
|
9
|
Os dois cegos da
Galileia
|
9:27-31
|
|
|
|
10
|
O surdo-mudo em
Decápolis
|
|
7:31-37
|
|
|
11
|
O cego de Betsaida
|
|
8:22-26
|
|
|
12
|
O homem com as pernas
e braços inchados
|
|
|
14: 1- 6
|
|
13
|
Os dez leprosos
|
|
|
17:11-19
|
|
14
|
A orelha do servo do
Sumo-sacerdote (Malco)
|
|
|
22:47-51
|
|
15
|
O enfermo há 38 anos no
poço de Betesda
|
|
|
|
5: 1-18
|
16
|
O cego de nascença
|
|
|
|
9: 1-12
|
17
|
Muitos em Genesaré
|
14:34-36
|
6:53-56
|
|
|
Nº
|
Exorcismos
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
Do possesso de Gerasa
(legião)
|
8:28-34
|
5: 1-20
|
8:26-39
|
|
2
|
Do possesso de
Cafarnaum
|
|
1:21-28
|
4:31-37
|
|
3
|
Da filha da mulher de
Cananeia
|
15:21-28
|
7:24-30
|
|
|
4
|
De Maria Madalena
|
|
16: 9
|
8: 2
|
|
5
|
De um homem na
Sinagoga
|
|
1:23-28
|
4:33-37
|
|
Nº
|
Exorcismos
com cura
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
O menino mudo e
epilético
|
17:14-21
|
9:14-29
|
9:37-43
|
|
2
|
O possesso mudo e cego
|
12:22-23
|
|
|
|
3
|
O possesso mudo
|
9:32-34
|
|
11:14-
|
|
4
|
A mulher encurvada
|
|
|
13:10-17
|
|
5
|
Muitos em Cafarnaum
|
8:16-17
|
1:32-34
|
4:40-41
|
|
Nº
|
Voltar
à vida
|
Mateus
|
Marcos
|
Lucas
|
João
|
1
|
A filha de Jairo
|
9:18-26
|
5:21-43
|
8:40-56
|
|
2
|
O filho da viúva de
Naim
|
|
|
7:11-17
|
|
3
|
Lázaro
|
|
|
|
11: 1-44
|
44
|
Totais
|
26
|
26
|
27
|
10
|
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