sexta-feira, 10 de outubro de 2025

Não deixe o pensamento crítico morrer!

 


O pensamento crítico é uma ação mental basilar para o ser humano viver melhor, tomar decisões, manter sua liberdade e progredir intelectualmente.

Paradoxalmente, ele vem perdendo espaço na sociedade atual, substituído por informações e opiniões rápidas e superficiais, como sendo superiores ao pensamento mais estruturado e lógico que exige mais tempo e foco.

Isso se reflete também com relação ao Espiritismo e seus ambientes de experiências doutrinárias.

Não se trata: julgar pessoas, atacar, polarizar (falar mal). É um hábito mental de conferir informações antes de acreditar, para decidir melhor e preservar a liberdade interior. Criticar apenas aponta defeitos; pensar criticamente aponta direção. É musculação do cérebro: com treino, a decisão fica mais sólida e correta.

Pensamento crítico no Espiritismo é um aliado da fé raciocinada. Ele incentiva a aplicação de ferramentas para analisar, questionar e avaliar a consistência e consequências de suas crenças e práticas, buscando compreensão objetiva e discernimento, em vez de aceitação passiva. Envolve analisar argumentos, desconstruir raciocínios imperfeitos, avaliar a veracidade de informações doutrinárias e questionar as próprias suposições dentro de um contexto de fé, promovendo uma visão mais fundamentada e consciente das questões espirituais.

Por que isso importa (hoje, mais do que nunca)?

Vivemos com um “Oráculo de Delfos de bolso” – a tecnologia responde tudo, rápido, e os algoritmos nos cercam de opiniões iguais às nossas (as famosas câmeras de eco). A pressa e a multitarefa, opressores da sociedade atual, dão a ilusão de produtividade, mas impedem o raciocínio mais profundo e estruturado.

O que dificulta o pensamento crítico no espiritismo

O pertencimento identitário e comunitário. Frequentadores são tratados como “irmãos”, “cristãos unidos na fé”. O Centro Espírita é uma comunidade disciplinadora, baseada em vínculos afetivos. Os encontros (cultos?) semanais e os grupos de oração e passes fortalecem os afetos, mas geram um clima desfavorável para o pensamento crítico.

A proposta de autoaperfeiçoamento moral (reforma íntima), muitas vezes simplificada em excesso, embora estimule um novo olhar sobre suas ações e pensamentos, por outro lado, promovem o distanciamento do pensamento crítico aplicado no conhecimento doutrinário e nas bases de sua fé que deveria ser raciocinada.

No ambiente espírita, isso choca com a essência kardeciana: investigar, comparar, usar a lógica e a observação metódica, para construir uma base sólida de pensamento e a agir em conformidade. A casa espírita pede silêncio e aceitação. Não há espaço para questionamento nem mental.

Sinais de alerta em um raciocínio

  • Uso de falácias, com o apelo à autoridade (“Kardec disse”).
  • Analogia conveniente para substituir a evidência.
  • Ambiguidade que força um direcionamento
  • Presença de hipérboles (exagero intencional)
  • Generalizações (“sempre”, “todos”).
  • Conclusões que não seguem das premissas.

Não importa quem tenha afirmado qualquer coisa. Pode ter sido Bezerra, Emmanuel, André Luiz ou mesmo o próprio Kardec. Questione sempre: Quando? Qual é a fonte? Confiável? Problemas com edição ou tradução? Em que contexto? Quais as referências? Com que objetivo? Altera conceitos estabelecidos? Está coerente com o conhecimento espírita?

No início vai parecer complexo, mas com o exercício será uma atitude mental fluindo naturalmente.

O que é necessário  

  • Cultivar a curiosidade intelectual de conhecer sempre mais, de não se contentar com a primeira explicação.
  • Desenvolver e usar diariamente a autorreflexão para questionar as próprias crenças e valores.
  • Manter a receptividade para ideias diferentes, estando aberto a novas perspectivas e à possibilidade de mudanças de opinião.

O pensamento crítico no Espiritismo, aplica ferramentas do raciocínio livre às crenças, práticas e informações doutrinárias, visando coerência, evidências, contexto e consequências. Ele afasta a fixação no monoideísmo, que pode introduzir um fundamentalismo emocional impermeável ao questionamento, produzindo intolerância e distanciamento.

Este artigo é um convite para você espírita, estudante, frequentador ou trabalhador, a treinar o pensamento crítico como um ato de fidelidade à fé raciocinada. Estimule a curiosidade, formule perguntas, confronte ideias com fontes sólidas, acolha contrapontos respeitosos

Aproveite a tecnologia da Inteligência Artificial para aprofundar e comparar, mantendo sua liderança nas pesquisas e conclusões.

Pensar criticamente aumenta a clareza dos conceitos, evita simplificações ambíguas e corrige enganos bem-intencionados. Bom senso, ponderação e persistência como percebemos em Kardec.

Pergunte com fraternidade, avalie com honestidade, decida com humildade. A doutrina agradece.