O
pensamento crítico é uma ação mental basilar para o ser humano viver melhor,
tomar decisões, manter sua liberdade e progredir intelectualmente.
Paradoxalmente,
ele vem perdendo espaço na sociedade atual, substituído por informações e
opiniões rápidas e superficiais, como sendo superiores ao pensamento mais
estruturado e lógico que exige mais tempo e foco.
Isso
se reflete também com relação ao Espiritismo e seus ambientes de experiências
doutrinárias.
Não
se trata: julgar pessoas, atacar, polarizar (falar mal). É um hábito mental de
conferir informações antes de acreditar, para decidir melhor e preservar a
liberdade interior. Criticar apenas aponta defeitos; pensar criticamente aponta
direção. É musculação do cérebro: com treino, a decisão fica mais sólida e correta.
Pensamento crítico no Espiritismo é um aliado da fé raciocinada. Ele incentiva a aplicação de ferramentas para analisar, questionar e avaliar a consistência e consequências de suas crenças e práticas, buscando compreensão objetiva e discernimento, em vez de aceitação passiva. Envolve analisar argumentos, desconstruir raciocínios imperfeitos, avaliar a veracidade de informações doutrinárias e questionar as próprias suposições dentro de um contexto de fé, promovendo uma visão mais fundamentada e consciente das questões espirituais.
Por
que isso importa (hoje, mais do que nunca)?
Vivemos com um “Oráculo de Delfos de bolso” – a tecnologia responde tudo, rápido, e os algoritmos nos cercam de opiniões iguais às nossas (as famosas câmeras de eco). A pressa e a multitarefa, opressores da sociedade atual, dão a ilusão de produtividade, mas impedem o raciocínio mais profundo e estruturado.
O
que dificulta o pensamento crítico no espiritismo
O
pertencimento identitário e comunitário. Frequentadores são tratados como
“irmãos”, “cristãos unidos na fé”. O Centro Espírita é uma comunidade
disciplinadora, baseada em vínculos afetivos. Os encontros (cultos?) semanais e
os grupos de oração e passes fortalecem os afetos, mas geram um clima
desfavorável para o pensamento crítico.
A
proposta de autoaperfeiçoamento moral (reforma íntima), muitas vezes
simplificada em excesso, embora estimule um novo olhar sobre suas ações e
pensamentos, por outro lado, promovem o distanciamento do pensamento crítico
aplicado no conhecimento doutrinário e nas bases de sua fé que deveria ser
raciocinada.
No ambiente espírita, isso choca com a essência kardeciana: investigar, comparar, usar a lógica e a observação metódica, para construir uma base sólida de pensamento e a agir em conformidade. A casa espírita pede silêncio e aceitação. Não há espaço para questionamento nem mental.
Sinais de alerta em um raciocínio
- Uso de falácias, com o apelo à autoridade (“Kardec disse”).
- Analogia conveniente para substituir a evidência.
- Ambiguidade que força um direcionamento
- Presença de hipérboles (exagero intencional)
- Generalizações (“sempre”, “todos”).
- Conclusões que não seguem das premissas.
Não importa quem tenha afirmado qualquer coisa. Pode ter sido Bezerra, Emmanuel, André Luiz ou mesmo o próprio Kardec. Questione sempre: Quando? Qual é a fonte? Confiável? Problemas com edição ou tradução? Em que contexto? Quais as referências? Com que objetivo? Altera conceitos estabelecidos? Está coerente com o conhecimento espírita?
No início vai parecer complexo, mas com o exercício será uma atitude mental fluindo naturalmente.
O que é necessário
- Cultivar a curiosidade intelectual de conhecer sempre mais, de não se contentar com a primeira explicação.
- Desenvolver e usar diariamente a autorreflexão para questionar as próprias crenças e valores.
- Manter a receptividade para ideias diferentes, estando aberto a novas perspectivas e à possibilidade de mudanças de opinião.
O
pensamento crítico no Espiritismo, aplica ferramentas do raciocínio livre às
crenças, práticas e informações doutrinárias, visando coerência, evidências,
contexto e consequências. Ele afasta a fixação no monoideísmo, que pode
introduzir um fundamentalismo emocional impermeável ao questionamento,
produzindo intolerância e distanciamento.
Este
artigo é um convite para você espírita, estudante, frequentador ou trabalhador,
a treinar o pensamento crítico como um ato de fidelidade à fé raciocinada. Estimule
a curiosidade, formule perguntas, confronte ideias com fontes sólidas, acolha
contrapontos respeitosos
Aproveite
a tecnologia da Inteligência Artificial para aprofundar e comparar, mantendo
sua liderança nas pesquisas e conclusões.
Pensar
criticamente aumenta a clareza dos conceitos, evita simplificações ambíguas e
corrige enganos bem-intencionados. Bom senso, ponderação e persistência como
percebemos em Kardec.
Pergunte
com fraternidade, avalie com honestidade, decida com humildade. A doutrina
agradece.