O Espiritismo será o que o fizerem os
homens.
Léon Denis, No Invisível, 1901.
Análise do Censo 2022 com Foco no Espiritismo
A verdade é que o MEB não soube aproveitar o
favorecimento da mídia com romances, novelas e filmes de temática espírita.
Assim como não conseguiu trazer para a Doutrina um contingente mínimo das
milhões de pessoas que frequentam as casas espíritas e leem os seus livros sem
se declarar espíritas.
A queda dos espíritas de 2,2% para 1,84% entre
os dois últimos Censos do IBGE, está tendo um impacto grande no MEB. E essa reação talvez seja o remédio
que nós precisávamos para nos mobilizar e atuar seriamente para reverter essa
situação.
Nada fazer será uma omissão, uma negligência, que provavelmente pesarár em nossas conciências.
Análise Sociológica
O Espiritismo continua sendo um movimento com
forte presença em classes médias urbanas, com elevada escolarização e renda.
Isso o distancia de camadas populares — o que limita seu alcance social. Seu
discurso racionalista e moralizador atrai segmentos com maior capital cultural,
mas pode parecer distante para públicos que buscam experiências religiosas mais
emocionais, afetivas ou comunitárias.
O desafio será adaptar a linguagem e práticas para manter a base doutrinária sem parecer exclusivista ou elitista.
Análise Educacional
O Espiritismo possui o maior percentual de
adeptos com ensino superior completo (48%) e o menor número com ensino
fundamental incompleto (11,3%). Isso reforça sua identidade como doutrina de
estudo, razão e ética.
Consequência paradoxal: quanto mais
escolarizado o público, mais crítico e, por vezes, menos institucionalizado — o
que pode explicar o afastamento de muitos que simpatizam com os princípios, mas
não gostam de frequentar os centros. Considerar que cerca de 50% das casas
espíritas não estão vinculadas a uma federativa da FEB, também pode denunciar
um certo cansaço das instituições.
Análise Econômica
A maior renda entre os espíritas permite uma boa estrutura física dos Centros, muitos com sede própria, bibliotecas, projetores, notebooks e cursos. Contudo, falta maior engajamento com realidades sociais mais vulneráveis. O Espiritismo ainda não alcançou populações de baixa renda, o que reduz seu impacto transformador no tecido social.Trabalhar ações sociais ajuda, mas não é uma ponte de aproximação e vivência real com esse público.
Análise Demográfica
A idade média dos espíritas é a mais alta
entre os grupos religiosos, com crescimento progressivo nas pesquisas e no
Censo. Isso indica um processo de envelhecimento e pouca renovação geracional. A
Pesquisa Nacional Espírita mostra esse crescimento alcançando em 2025, a média de 55 anos.
A participação do sexo masculino é a menor
entre as religiões, o que vem sendo também demonstrado pela Pesquisa Nacional
Espírita desde 2015.
É um fato que exige ações planejadas. Se não
houver uma ação estratégica de engajamento de jovens, o movimento pode perder
continuidade institucional e capacidade de renovação. A dificuldade maior será de
despertar o interesse dos jovens, nascidos em uma sociedade superficial e
consumista.
Por que os Jovens se Afastam das Religiões?
Esses jovens, que não foram seduzidos pelos apelosde
resolução imediata, podem estar buscando uma espiritualidade distante das
convenções religiosas, da devoção, do apelo da salvação. Neste caso, o
Espiritismo tem muito a oferecer por meio da sua lógica, do apelo à razão,
fundamentado em uma filosofia abrangente e cosistente.
Cor e Raça
O Espiritismo apresenta a menor participação
de pessoas pretas entre os quatro maiores grupos religiosos. Isso denuncia uma
histórica barreira sociocultural e simbólica que precisa ser encarada com
honestidade.
Reflexão necessária: é preciso tornar os espaços espíritas mais abertos, diversos e
acolhedores, para todos. Ter uma participação mínima desse segmento em um país
onde ele predomina é preocupante.
Geografia e Distribuição
Os maiores percentuais de espíritas continuam
nos estados do Sudeste e Sul: RJ, SP, DF, RS e GO. Os menores estão no Norte e
Nordeste, com destaque para o Maranhão (0,19%), Pará (0,37%), Amazxonas (0,38%)
e Piauí (0, 43%), não atingindo meio percentual. Temos 21 estados com participação
dos espíritas menor que a média Brasil de 1,84%. Essa situação perdura há
décadas, sem percepção da existência de ações para melhorar esses índices.
Mais da metade dos 5.570 municíopios do país,
não possuem registro da existência de Centro Espírita.
O desafio será ampliar o alcance doutrinário
por meio de projetos regionais, respeitando as culturas locais.
Tecnologia e Internet
Com 96,6% de acesso à internet, os espíritas
são o grupo religioso mais conectado. Isso abre caminho para estratégias
digitais consistentes de divulgação, ensino, encontros e acolhimento.
Os espíritas possuem uma forte presença na
internet e nas redes sociais, o que pode ter contribuído para atenuar a redução
dos espíritas.
É um ponto forte, positivo que deve ser mais
bem aproveitado. Estabelecer uma união de propósitos entres os grupos vituais,
criando conteúdos significativos, atrativos e interativos nas redes,
especialmente voltados aos jovens e aos “espiritualizados sem religião”.
Religiões Concorrentes
Os evangélicos continuam crescendo, mas em
ritmo menor. Têm forte apelo emocional (algumas vezes próximos de uma
manipulação), é comunitário e acolhedor — especialmente entre os jovens.
Os católicos reduziram perdas, talvez pela
renovação litúrgica e social. Devemos considerar que boa parte dos brasileiros
se declaram católicos, maia por tradição e costume familiar, mas não são
verdadeiramente praticantes nem conchecedores de sua própria religião.
Os “Sem religião” passaram de 8,2% para 9,3%.
São geralmente jovens/adultos, urbanos e críticos das instituições religiosas —
mas nem sempre ateus. Constituem quase cinco vezes os espíritas. Esse pode er
um público que busque algo novo, fora das tradições religiosas, que o
Espiritismo pode oferecer.
O Espiritismo parece competir menos com
outras religiões e mais com a tendência de desinstitucionalização (desgastes
das instituições).
Empenho geral
Todos estão convocados para contribuir em suas
intstituições espíritas e individualmente por meio da participação do debate
público pela internet. Caminhos devem ser encontrados! Alguns de aplicação
geral, outros específicos para as diferentes realidades do país. O impacto foi
grande, mas também nos impulsiona para a busca de soluções.