Qualquer saber deve ser compartilhado e
enriquecido para aumentar sua utilidade.
A gestão do conhecimento
passa a valorizar o saber individual e o coletivo como o capital intelectual
das organizações. O avanço da tecnologia facilita a produção de conteúdo e
proporciona uma interação jamais vista na história. Por isso, se torna oportuno
proceder algumas mudanças no Centro Espírita para colher os benefícios que esse
momento propicia.
As bibliotecas dos Centros
Espíritas, por uma razão ou por outra, mais se assemelham a depósitos de livros
usados. Reconhecendo a existência de exceções, elas costumam ser um lugar
apagado, sem vida, para o qual não se faz nenhum esforço para evidenciar sua
importância e torná-lo mais agradável, mais interessante, de modo a aumentar
seus usuários, dar maior dinamismo às suas atividades e contribuir para
resultados melhores.
Em decorrência dessa atitude,
muitas bibliotecas estão subutilizadas, outras fechadas, e quem percorre os
sebos que vendem livros usados verifica muitos volumes com o carimbo de uma
biblioteca espírita extinta.
A biblioteca espírita cumpre
ou deveria cumprir objetivos estratégicos de comunicação do conhecimento
espírita para o público interno. Faz parte de uma série de ações e atividades
voltadas a facilitar o acesso e a compreensão das ideias espíritas. Deve ser
encarada como uma estrutura vital que viabiliza uma construção maior.
A gestão do saber oferece a
grande oportunidade, dinâmica, bastante ampla e com resultados otimizados, de
transformar a biblioteca em um Centro de Conhecimento, mais apropriado para as
organizações que realmente desejam aprender, motivar a produção de conhecimento
e facilitar o aprendizado.
Não se trata de mera
retórica, ou simples mudança de rótulo. Trata-se de considerar cada
participante da organização, qualquer que seja sua atuação, como uma fonte de
saber individual e uma parcela significativa do saber coletivo, ajudando a
formar sua história e sua cultura. Mais do que isso, trata-se de incentivar e
criar motivações renovadas para a contribuição efetiva e periódica de todos os
colaboradores que compõem sua força de trabalho.
O conhecimento compartilhado
abrangeria o empírico, científico, filosófico e espiritualista. Também pode ser
dividido em explícito, tácito e implícito:
Explícito:
registrado em livros, textos e documentos.
Tácito:
ligado à experiência, de difícil verbalização.
Implícito:
adquirido inconscientemente, de forma intuitiva.
No Centro de Conhecimento, os livros também estão lá, assim como mídias de dados, imagens, áudio e vídeo, jornais, boletins, revistas, relatórios, resumos de palestras, apresentações visuais, biografias, entrevistas, reportagens, pesquisas, artigos, poesias — tudo que contribui para a construção do saber.
Todos os participantes são
convidados a contribuir: bibliografias, recortes de notícias, resenhas,
estatísticas, sugestões, produções infantis e artísticas. Tudo é informação. Tudo
é oportunidade de crescimento.
A Inteligência Artificial como ferramenta do Centro de Conhecimento
A inclusão da Inteligência
Artificial (IA) representa um salto qualitativo no modo como o Centro de
Conhecimento pode organizar, expandir e democratizar o acesso ao saber. Eis
algumas aplicações concretas:
Indexação e recuperação da informação
Ferramentas de IA podem:
- Analisar e organizar automaticamente
documentos e mídias;
- Criar resumos e palavras-chave;
- Propor conexões entre temas
relacionados;
- Facilitar
a localização de conteúdos por qualquer usuário.
Estímulo
à leitura e estudo
Com sistemas inteligentes:
- Leitores podem receber sugestões de
leitura baseadas em seus interesses;
- Grupos de estudo podem ser formados
com base em afinidades temáticas;
- Trechos
de obras podem ser explicados ou comentados automaticamente por sistemas
integrados.
Análise
e compreensão textual
Softwares baseados em IA
podem:
- Traduzir obras para outros idiomas;
- Explicar termos técnicos ou arcaicos;
- Auxiliar
na interpretação doutrinária, sempre com referências cruzadas às obras de
Kardec.
Criação
colaborativa de conteúdo com IA
- Ajudar na redação de artigos,
resumos, estudos e apresentações;
- Sugerir estruturação de aulas e
roteiros de palestras;
- Identificar
inconsistências ou contradições em textos, incentivando a revisão crítica e o
aprendizado contínuo.
Curadoria
e integridade doutrinária
Ao invés de censura, a IA
pode ajudar a:
- Sinalizar conteúdos que merecem
atenção ou revisão;
- Apoiar um comitê curador na
orientação doutrinária;
- Criar
alertas que favoreçam o estudo comparativo e fundamentado.
Integração virtual e acesso universal
Com o suporte digital e a IA, é possível manter uma sala virtual de leitura e estudo, com acervos acessíveis 24 horas por dia. Comentários, observações, dúvidas e contribuições podem ser registrados por qualquer participante, gerando um ambiente interativo e colaborativo, com histórico de conhecimento coletivo.
Conclusão
O Centro de Conhecimento, com
apoio da Inteligência Artificial, transforma a biblioteca tradicional em um
ambiente vivo, criativo e colaborativo. Pessoas são valorizadas, talentos
despertos e o compromisso com a Doutrina Espírita se fortalece por meio do
estudo, do questionamento e da produção coletiva de conhecimento.
A tecnologia, quando bem
aplicada, não substitui o humano, mas amplia sua capacidade de aprender, de
ensinar e de contribuir para uma compreensão mais profunda do Espiritismo, em
permanente evolução.
Todos podem — e devem —
cooperar com a construção desse novo ambiente. O saber compartilhado é o
verdadeiro progresso espiritual.
Ivan Franzolim