Série Reflexões
Qualquer pessoa tem consciência de quem ela
é. Isso é muito importante para o seu desenvolvimento, mas não tem conhecimento
de como é o seu próprio espírito.
A palavra “identidade” significa
o conjunto de características que distinguem uma pessoa e por meio das quais é
possível individualizá-la. Não é um ou outro detalhe que caracteriza uma
individualidade, mas a percepção do efeito de todos eles. É a consciência que
cada pessoa tem de si mesma.
É fundamental ter consciência da
nossa identidade, que somos únicos que ninguém é igual a nós. Isso favorece o
equilíbrio interior e o bem-estar mental e emocional. Não importa que essa
percepção seja essencialmente subjetiva e que as pessoas tenham percepções
diferentes acerca de um e de outro. Isso faz parte do nosso processo de crescimento
pessoal.
A primeira coisa que gravamos de
nós mesmos e que os outros identificam em nós é a nossa imagem. Mesmo que ela se modifique ao
longo do tempo, pois engordamos, emagrecemos, perdemos os cabelos,
envelhecemos, mas os traços que nos distinguem permanecem a ponto de
encontrarmos pessoas que não vemos há décadas e as reconhecermos. O mesmo
ocorre com a voz.
As características físicas de
cada pessoa são partes integrantes de sua identidade visual, de como ela se
reconhece e é reconhecida. Para o espírito isso deve ser verdade até certo
momento da evolução, pois o espírito é mais que uma forma, transcende a forma.
Há relatos de espíritos que encontraram afins ou desafetos de outra encarnação,
com aparência diversa e até sexo diferente.
Perder a percepção de nós mesmos
gera graves transtornos mentais. Entre outras coisas, perdemos a capacidade de
nos comparar e de melhorar nosso modo de sentir, pensar e agir.
Do ponto de vista da nossa
essência, do nosso espírito, de quem somos realmente, essa percepção fica
bastante confusa. Um espírito comum quando retorna à pátria espiritual mantém
sua última aparência e características da sua personalidade. Um espírito com
melhor nível evolutivo poderá lembrar de algumas encarnações e até assumir a personalidade
e a identidade visual que desejar.
No primeiro caso a confusão é
igual a nossa de encarnados. Julgamos que somos como somos, mas não é verdade.
Tivemos muitas encarnações com aparências, sexo e comportamentos diferentes.
Nossa personalidade é afetada diretamente por muitas coisas como o corpo físico,
a carga genética, a biologia, experiências recentes e às condições socioculturais.
Nossa personalidade então, sofre fortes influências a cada encarnação e nunca
será a mesma, embora possa ter elementos comuns em evolução.
No segundo caso, no qual os
espíritos lembram de várias encarnações, acredito que a dificuldade de
entendimento sobre a identidade espiritual seja maior, pois, existirá uma
encarnação que deva ser elegida como básica? Em que aspectos? Provavelmente
não. Teriam esses espíritos a capacidade de somar todas essas vidas e criar uma
única identidade espiritual? Possivelmente, mas apenas em relação a espíritos muito
superiores e não para a maioria dos espíritos.
Lembro do fenômeno psíquico da
personalidade múltipla. A personalidade
principal é substituída por outras personalidades e a pessoa se transforma em
outra com comportamentos, interesses, temperamento e até vocabulário diferente
e algumas vezes conflitante com a personalidade primária. Excetuando o caso de
influências de outros espíritos, poderá se tratar da emersão de personalidades desenvolvidas
em vidas passadas e armazenadas na mente espirital.
A identidade do espírito deve se
desenvolver primeiro no mundo espiritual e gradativamente a partir de seus
estágios nas encarnações. Este desenvolvimento ocorre na parte inconsciente da
mente do espírito que recolhe todas as experiências de vida material e
espiritual. Será que a identidade do espírito se consolida em algum momento da
evolução? Talvez se desenvolva indefinidamente. Mas em que momento ele consegue
se perceber como realmente é? Com a somatória de todas as suas conquistas e
imperfeições latentes?
O objetivo desse artigo é fazer
um exercício de expansão do pensamento espírita. Há infinitas conexões, e
possibilidades para pensar, repensar e desenvolver. E você leitor, o que pensa
disso?
Artigo originalmente publicado no jornal Tribuna do Espiritismo Abril 2016
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O diálogo é a melhor forma de comunicação e a comunicação é o canal do conhecimento.