terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O Centro Espírita não cresce? É sinal de alerta!



Afinal, os frequentadores e trabalhadores de qualquer Centro Espírita têm conhecidos, amigos e parentes que naturalmente seriam convidados a conhecê-lo.
A tendência normal da população é crescer, nascendo mais pessoas do que morrendo. Assim, com mais pessoas, mais livros são lidos, ocorrem mais acessos a Internet, mais pessoas trabalham, fazem compras, vão ao cinema, e frequentam suas religiões ou entidades filosóficas e altruístas.
No Estado de São Paulo tivemos um aumento da população entre os Censos de 2000 e 2010 de 11,4% e, dos 645 municípios 542 tiveram aumento (84%) e apenas 103 (16%) apresentaram queda na população. Também os espíritas nesse estado tiveram um aumento expressivo de 74%.
Dessa forma, se o Centro que você trabalha ou frequenta não apresentou nos últimos anos um aumento de pessoas nas reuniões públicas e em outras atividades é sinal de alarme. Devem ser estudadas as possíveis causas e tomadas às medidas para a normalização.
É uma grande responsabilidade administrar um Centro Espírita, tanto do ponto de vista legal e cívico, como sob a ótica moral e espiritual. O objetivo dos gestores será sempre obter o máximo de resultados com o menor contingente de recursos. Isso significa atender bem o maior número de pessoas possível.
Na busca das possíveis causas de o Centro não ter apresentado crescimento, os dirigentes irão enfrentar o desafio de procurarem realmente as razões mais plausíveis que influenciaram de fato para que a instituição não tenha conseguido aumentar a participação de pessoas, ou tenha conseguido em índices baixos. A tendência do ser humano é se defender e procurar mais se justificar do que encontrar soluções, por isso devemos invocar nossos melhores sentimentos visando o bem maior e comum a todos os envolvidos, do que os nossos próprios interesses.
O primeiro ponto a ser analisado é como as pessoas se sentem na casa. O clima que domina o ambiente é transmitido pelos dirigentes e mais ou menos reforçado pelos trabalhadores. Refletem a prioridade dos valores comuns. Em um Centro, por exemplo, os dirigentes podem dar mais importância à disciplina do que a fraternidade. Em outro, podem valorizar mais o dever (obrigação) do que o ideal (fazer por amor). O relacionamento com o público pode ser até correto, eficiente e educado, mas mesmo assim ficar longe do sentimento de fraternidade e de amizade com sua carga de afeto característica.
O segundo ponto a ser ponderado é o conteúdo e o tipo de comunicação que o Centro produz. Não é fácil de ser analisado, pois nos acostumamos com a instituição que trabalhamos e deixamos de perceber o que ela comunica aos seus participantes.
Tudo transmite e contribui para a formação da cultura de cada casa e a da imagem que todos criam da instituição e da própria doutrina. A fachada da casa, seu jardim, sua percepção de limpeza, sua decoração e, naturalmente, o comportamento dos seus dirigentes e trabalhadores. O tom utilizado nas conversas e nas palestras pelos principais formadores de opinião, acabam sendo imitados inconscientemente pela maioria dos trabalhadores sem que eles consigam notar esse padrão, que por vezes pode ser bastante inadequado, como o tom piegas, autoritário, de admoestação, de deslumbramento etc.
Uma análise interessante pode ser feita, verificando quem é o público do Centro. O tipo predominante das pessoas que foram atraídas para a instituição tende a refletir o que realmente a casa está comunicando no conjunto de suas ações. Um Centro autoritário que prioriza a disciplina tende a atrair pessoas condicionadas a obedecer e nunca questionar ou divergir. Centro focado apenas no âmbito religioso tende a reunir pessoas com a mesma mentalidade. Centro que não busca outros conteúdos e sua comunicação não sai do lugar comum, costuma atrair pessoas sem interesse intelectual.
De qualquer modo, as medidas que seguem certamente trarão benefícios para qualquer instituição que se disponha a implementá-las:


  • Mudar postura dos dirigentes e trabalhadores para os aspectos identificados.
  • Incrementar a cordialidade e a fraternidade no relacionamento com as pessoas.
  • Pesquisa sobre satisfação com os frequentadores.
  • Oferecer modelo de Carta ou folheto apresentando o Centro para os vizinhos.
  • Melhorar a comunicação visual (placa, mural, cartazes).
  • Realizar palestras com oradores selecionados.
  • Realizar apresentação de filmes com comentários.
  • Implantar seminários e cursos rápidos.
  • Melhorar a aparência (limpeza, pintura, fachada, jardim).
  • Criar um Serviço de Informações para os novos frequentadores.
  • Criar ou melhorar um Serviço de Atendimento buscando ouvir os frequentadores.
  • Criar ou melhorar homepage.
  • Criar um serviço de receber os comentários, críticas e elogios.
  • Renovar o conteúdo e a forma de ministrar os cursos.
  • Pedir a participação de todos na elaboração de conteúdos e apresentações dos trabalhos.
  • Aproveitar os médiuns psicógrafos, incentivando o exercício dessa mediunidade, exercendo análise, direcionamento e utilizando o melhor conteúdo para divulgação.
  • Criar Centro de Estudo reunindo aqueles que já concluíram os cursos existentes para trabalhos em grupo e aprofundamento de temas.


A falta de crescimento é um indicador importante que não deve ser negligenciado para fazer jus a responsabilidade intrínseca da gestão da casa espírita. Criatividade, inovação e interesse pelo próximo são elementos renovadores que tornam o ambiente propício a novas atividades e estudos com melhor acolhimento e resultados. Assim como crescemos em conhecimento e sentimentos, a instituição também deve acompanhar a evolução dos seus participantes.

Publicado originalmente em: http://www.correiofraterno.com.br

Ivan Franzolim é escritor e comunicador espírita, membro fundador da ADE-SP Associação de Divulgadores do Espiritismo de São Paulo. Mantém o blog: http://www.franzolim.blogspot.com.br/

3 comentários:

  1. Sou assinante do Correio Fraterno, onde li este artigo. Como integrante do 26º Conselho Espírita de Unificação, no estado do Rio de Janeiro, na Região dos Lagos. Dada a importância do assunto para todas as Casas Espíritas, solicito autorização para publicá-la, com citação da fonte, em nosso Blog: http://26ceu.blogspot.com/ Meu e-mail: jotabefig@gmail.com
    José Figueiredo

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  2. IVAN! Primeiro parabéns pela coragem em enfatizar assunto da maior relevância que é muito de do meu agrado. Sem peias de pretensos louros. Uma observação que fazemos já a muitos anos na prática da DE nas Casa Espíritas e em geral comum mesmo pelos espíritas. Todo e qualquer trabalho, quer socialmente, doutrinariamente ou espiritualmente de alto teor evangélico que vá de encontro as criaturas, notadamente aos principiantes no estudo da DE, não são valorizados como deveriam, parece haver entre os ESPÍRITAS um tal de APAGÃO para elogios sinceros e cordiais. É uma pena trabalhos bem elaborados por vezes são relegados ao ostracismo por mera questão até mesmo pessoal. Muita coisa está por ser erradicada no meio ESPÍRITA uma delas há pouco tomou vulto a de que ESPÍRITA não deve se envolver com política, que sempre achamos um ABSURDO, ora sem partidarismo de qualquer natureza. (Até divulgamos Crônica sobre esse absurdo em 2010 e 2014). IVAN! Seu trabalho colabora indiretamente com os que estão interessados e pensam sobre como anda a DE no Brasil e quiçá no mundo.

    "Um elogio verdadeiro é mais que um EMPURRÃO ´e um crescimento amoroso e fraterno."...Louren Junior

    Um grande abraço.

    Lourenço Rendesi Junior (Louren Junior) e Espírito Matias Albuquerque

    Visitem nosso Site; Louren Junior (www.lourenjunior.webnode.com.br)

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  3. Comentar o funcionamento do movimento espírita pode gerar melindres. Infelizmente, há ainda no movimento, dirigentes que se melindram quando apontamos algo que não vai bem... o que acabam rotulando com criticas. Feliz do presidente ou do diretor espírita que tem em sua casa pessoas capazes de avaliar os trabalhos, apontar incorreções e apresentar propostas de correção, auxiliando a construir a ideia a ser corrigida. Ainda assim, com sabedoria, mesmo as críticas, se examinadas com humildade, são bons instrumentos de avaliação. Obrigado pelo seu trabalho. Deus te abençõe sempre!

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O diálogo é a melhor forma de comunicação e a comunicação é o canal do conhecimento.