quarta-feira, 30 de março de 2016

Você conhece sua identidade espiritual?

Série Reflexões

Qualquer pessoa tem consciência de quem ela é. Isso é muito importante para o seu desenvolvimento, mas não tem conhecimento de como é o seu próprio espírito.

A palavra “identidade” significa o conjunto de características que distinguem uma pessoa e por meio das quais é possível individualizá-la. Não é um ou outro detalhe que caracteriza uma individualidade, mas a percepção do efeito de todos eles. É a consciência que cada pessoa tem de si mesma.
É fundamental ter consciência da nossa identidade, que somos únicos que ninguém é igual a nós. Isso favorece o equilíbrio interior e o bem-estar mental e emocional. Não importa que essa percepção seja essencialmente subjetiva e que as pessoas tenham percepções diferentes acerca de um e de outro. Isso faz parte do nosso processo de crescimento pessoal.
A primeira coisa que gravamos de nós mesmos e que os outros identificam em nós é a nossa imagem. Mesmo que ela se modifique ao longo do tempo, pois engordamos, emagrecemos, perdemos os cabelos, envelhecemos, mas os traços que nos distinguem permanecem a ponto de encontrarmos pessoas que não vemos há décadas e as reconhecermos. O mesmo ocorre com a voz.
As características físicas de cada pessoa são partes integrantes de sua identidade visual, de como ela se reconhece e é reconhecida. Para o espírito isso deve ser verdade até certo momento da evolução, pois o espírito é mais que uma forma, transcende a forma. Há relatos de espíritos que encontraram afins ou desafetos de outra encarnação, com aparência diversa e até sexo diferente.
Perder a percepção de nós mesmos gera graves transtornos mentais. Entre outras coisas, perdemos a capacidade de nos comparar e de melhorar nosso modo de sentir, pensar e agir.
Do ponto de vista da nossa essência, do nosso espírito, de quem somos realmente, essa percepção fica bastante confusa. Um espírito comum quando retorna à pátria espiritual mantém sua última aparência e características da sua personalidade. Um espírito com melhor nível evolutivo poderá lembrar de algumas encarnações e até assumir a personalidade e a identidade visual que desejar.
No primeiro caso a confusão é igual a nossa de encarnados. Julgamos que somos como somos, mas não é verdade. Tivemos muitas encarnações com aparências, sexo e comportamentos diferentes. Nossa personalidade é afetada diretamente por muitas coisas como o corpo físico, a carga genética, a biologia, experiências recentes e às condições socioculturais. Nossa personalidade então, sofre fortes influências a cada encarnação e nunca será a mesma, embora possa ter elementos comuns em evolução.
No segundo caso, no qual os espíritos lembram de várias encarnações, acredito que a dificuldade de entendimento sobre a identidade espiritual seja maior, pois, existirá uma encarnação que deva ser elegida como básica? Em que aspectos? Provavelmente não. Teriam esses espíritos a capacidade de somar todas essas vidas e criar uma única identidade espiritual? Possivelmente, mas apenas em relação a espíritos muito superiores e não para a maioria dos espíritos.
Lembro do fenômeno psíquico da personalidade múltipla.  A personalidade principal é substituída por outras personalidades e a pessoa se transforma em outra com comportamentos, interesses, temperamento e até vocabulário diferente e algumas vezes conflitante com a personalidade primária. Excetuando o caso de influências de outros espíritos, poderá se tratar da emersão de personalidades desenvolvidas em vidas passadas e armazenadas na mente espirital.
A identidade do espírito deve se desenvolver primeiro no mundo espiritual e gradativamente a partir de seus estágios nas encarnações. Este desenvolvimento ocorre na parte inconsciente da mente do espírito que recolhe todas as experiências de vida material e espiritual. Será que a identidade do espírito se consolida em algum momento da evolução? Talvez se desenvolva indefinidamente. Mas em que momento ele consegue se perceber como realmente é? Com a somatória de todas as suas conquistas e imperfeições latentes?
O objetivo desse artigo é fazer um exercício de expansão do pensamento espírita. Há infinitas conexões, e possibilidades para pensar, repensar e desenvolver. E você leitor, o que pensa disso?

Artigo originalmente publicado no jornal Tribuna do Espiritismo Abril 2016